22/08/2023
Cotidiano

Proposta de Carli inviabiliza o transporte escolar

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Valdemar Hlatky (foto) é um dos transportadores que está à espera da resposta do prefeito Fernando Ribas Carli sobre possível acordo entre município e  donos de veículos que fazem o transporte escolar em Guarapuava. Carli  quer reduzir 33,04% o valor atualmente pago pelo quilômetro rodado, proposta que inviabiliza o trabalho dos transportadores que podem suportar uma redução máxima de  apenas 20%, para não serem obrigados a entregar seus ônibus, vans e kombis que financiados em bancos. E o pior é que a proposta do prefeito quebra contratos em pleno vigor e que por lei só venceriam no final do ano. A justificativa dada pela secretária municipal de Educação, Dorotil Casagrande Melhem para essa situação é que o município estourou a verba para o transporte escolar com gastos mensais que ultrapassam R$ 800 mil. O recurso é retirado dos 40% do Fundeb.

A atitide de Carli foi considerada arbitrária por pais de alunos da frede municipal de ensino já que, pela quebra do contrato com os transportadores, a Educação anunciou que anteciparia as férias escolares previstas para iniciar no dia 16 de julho pra o dia 30 de junho, mas o Ministéiro Público interviu e Carli foi obirgado a voltar atrás e manter a data inicial. Se o problema foi resolvido para alunos, pais e professores. nenhuma satisfação foi dada aos transportadores e sem o transporte muitos alunos não conseguem a chegar à escola.
Há 13 anos no ramo de transporte, Valdemar Hlatky está chocado com a situação. Segundo ele, baseado na planilha de preço do edital foi exigido que comprassem veículos novos, e foi o que fizeram. “Como o prefeito pediu para que nos comprasse carros acima do ano 2000 nos individamos. Já não sobra nada, pagamos as contas em cima. E agora com este desconto ninguém vai conseguir pagar os carros”, lamenta o empresário.
Ele explica que com as férias do mês de julho e agosto não entrará nenhum valor e, mesmo assim, terão que honrar os dois meses de financiamento. Além das férias de fim de ano. “Serão três meses sem receber. Três prestações que terão que ter um caixa reservado. Então na minha visão, 60 a 70% terão que entregar o veículo ao banco”, analisa.
Valdemar Hlatky explica que com o preço cheio de hoje, 40 a 50% não iria conseguir pagar os financiamentos, sendo que uma prestação não é inferior a R$ 1,5 mil. “Linhas de R$ 4 mil ficarão em R$ 2 mil. Paga R$ 1,5 mil de prestação, mais R$ 700 de motorista, já são R$ 2,2 mil. Paga mais ISS e contador fica em R$ 2,5 mil. Ganha R$ 2 mil e tem R$ 2,5 mil de dívida”, explica a situação.
No momento, quase todos estão estourados de caixa devido a compra dos veículos novos em janeiro. Além de terem recorrido a todos os recursos de bancos e empréstimos, tiveram que pagar duas prestações, de janeiro e fevereiro, sem estarem trabalhando. “Agora teremos que embutir mais esta diferença encima. Dificilmente conseguiremos sair do outro lado do rio. Peço para Deus iluminar as intenções do prefeito, porque foi ele que nos colocou nesta fogueira. Tínhamos carros do ano 96 vistoriados duas vezes por ano, que resolviam tranquilamente, sem falha nenhuma. Veículos pagos que foram jogados praticamente fora. O que valia R$ 20 mil foi vendido a R$ 10”, lembra.
De acordo com Valdemar Hlatky, se no início do ano o prefeito tivesse dado um prazo de seis meses para renovar a frota, ninguém teria se endividado. E como era o momento de iniciar as aulas e os transportadores precisavam dos veículos novos com urgência, a demanda elevou muito os valores. “Devido à pressa, tivemos que aceitar juros exorbitantes. A exemplo que uma kombi que valia R$ 44 mil e as concessionárias pediram R$ 54 mil para entregarem em uma semana”, contou.
 
Com informações e foto  de Andréa A. Alves

Cristina Esteche

Jornalista

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