22/08/2023
Comunidade Região

Prudentópolis se solidariza com a situação na Ucrânia

Conflitos na Ucrânia causam preocupação na cidade 'mais ucraniana do Brasil'. Bem como nos mais de 600 mil descendentes, 80% no Paraná

COMUNIDADE UCRÂNIANA

As fotos fazem parte das ações dos descendentes contra os ataques à Ucrânia (Fotos: Divulgação/Comunidade Ucraniana)

As comunidades ucranianas e grupos folclóricos do Paraná, São Paulo e Santa Catarina seguem fazendo ações de solidariedade em prol da Ucrânia. E apelam à comunidade internacional para evitar a continuidade dos conflitos com a Rússia.

Em Prudentópolis, a maior comunidade ucraniana no Brasil, diversos movimentos já declararam apoio ao país. Assim, as ações também partiram do Grupo Folclórico Ucraniano Vesselka, que se uniu a outros em solidariedade à Ucrânia. Isso porque, de acordo com a política internacional, há a possibilidade de invasão russa na Ucrânia.

O advogado Vitório Sorotiuk, presidente da Representação Central Ucraniano-Brasileira (RCUB), manifestou preocupação com os descendentes de ucranianos que vivem no Brasil. Isso porque há uma eminente ameaça de invasão da Ucrânia por tropas russas, concentradas nas fronteiras.

Os ucranianos fazem parte da nação brasileira. Mais de meio milhão de brasileiros são descendentes de ucranianos e tem as famílias na Ucrânia sob a ameaça russa. Além disso, muitos ucranianos do Paraná têm parentes, familiares e uma ligação tanto genética, quanto cultural com a Ucrânia e que vivem juntos essa apreensão de um possível confronto.

De acordo com o advogado, a comunidade ucraniana do Brasil é formada por cerca de 600 mil pessoas, sendo 80% no Paraná. Dessa forma, a RCUB organiza ações e relembra os termos da carta enviada ao Presidente da República.

Entre os termos, está que o cerco da Rússia a Ucrânia e a guerra híbrida já afeta a comunidade ucraniana brasileira. Bem como, afirmam que o Brasil deve aplicar o artigo 4º da Constituição Federal que estabelece a autodeterminação dos povos, não intervenção, defesa da paz e solução pacífica dos conflitos.

ENTENDA O CONFLITO

De acordo com o jornal Deutsche Welle (DW) o perigo de uma invasão russa parece crescer, com cerca de 150 mil soldados estacionados nas fronteiras ucranianas. Os laços entre Moscou e Kiev e a expansão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) para leste estão nas origens do conflito.

Dessa forma, mesmo após a independência, a Ucrânia permaneceu dependente da Rússia economicamente. Contudo, a capital Kiev buscava uma proximidade com a União Europeia e a Otan. Essa atitude culminou no primeiro conflito com a Revolução Laranja em 2004.

Contudo, já em 2013, um sucessor da presidência, pró-Rússia, bloqueou a assinatura do acordo de associação com a UE. Isso gerou protestos na Praça da Independência (Maidan) o que levou à queda de Yanukovych, algumas semanas depois.

No primeiro semestre de 2014, a Rússia conquistou e anexou a península ucraniana da Crimeia. Assim, desde esse ano uma guerra no Leste da Ucrânia causou vários mortos. Separatistas apoiados pela Rússia lutam pela separação da Ucrânia de duas autoproclamadas repúblicas, Donetsk e Lugansk. Conforme a Organização das Nações Unidas (Onu), mais de 13 mil já morreram nesta guerra.

ESCALADA MILITAR E REAÇÃO

Hoje, conforme o DW, mais de 1,4 milhão de ucranianos ainda são considerados deslocados internos. Em fevereiro de 2015, ocorreu o Acordo de Minsk, um plano de paz entre a Rússia e a Ucrânia, sob mediação franco-alemã, atualmente suspenso. Desde o início da guerra no Leste da Ucrânia houve quebra de mais de 20 cessar-fogo acordados.

Por fim, começou uma escalada militar. A Rússia começou a concentrar equipamentos militares pesados (tanques, artilharia, helicópteros de ataque) nas fronteiras com a Ucrânia há alguns meses. Em resposta, a Otan também enviou tropas adicionais ao flanco Leste. Assim, as Forças Armadas alemãs também participam desta operação com 350 soldados adicionais e cerca de 100 veículos militares para a Lituânia.

BOLSONARO VISITA RÚSSIA

O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro (PL), visitou Moscou, capital da Rússia, nessa semana. A visita ocorreu em meio ameaças da Rússia à Ucrânia. Assim como, uma semana depois das comemorações de 30 anos de relações diplomáticas entre o Brasil e a Ucrânia, no dia 11 de fevereiro.

A visita não agradou as comunidades ucranianas que antes mesmo da ida do presidente já tinham se manifestado. Eles afirmavam que Bolsonaro deveria, além de ter visitado Moscou, ter atendido ao convite do Presidente da Ucrânia e visitasse também Kiev, capital do país.

CIDADE MAIS UCRANIANA NO BRASIL

Segundo a Agência Estadual de Notícias, Prudentópolis é considerada a cidade mais ucraniana do Brasil. Além disso, 70% da população têm ascendência ucraniana. Desde 2019, o município é também, cidade-irmã da ucraniana Ternopil. A parceria internacional com uma cidade da Ucrânia foi a primeira do Estado. Cerca de 50 igrejas na cidade tem arquitetura bizantina e várias delas celebram cultos ortodoxos na língua ucraniana.

Além disso, Prudentópolis tem a Língua Ucraniana como cooficial no município. Assim, é a primeira cidade do Brasil a reconhecer o ucraniano como idioma cooficial ao lado da língua portuguesa. A oficialização é baseada na Lei Municipal de 2.479/2021 de autoria do vereador Maurício Bosak (DEM), aprovada por unanimidade na Câmara Municipal no ano passado.

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Mayara Maier

Jornalista

Jornalista, 24 anos, formada pela Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) há dois anos. Escreve sobre conteúdos diversos e é responsável pela cobertura de jogos do Clube Atlético Deportivo (CAD), equipe masculina de futsal em Guarapuava.

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