22/08/2023
Agronegócio

Puxado por Toledo, Paraná mira mais mercados internacionais na carne suína

O suíno de corte é responsável por 30% de tudo o que é produzido na cidade do Oeste. Chancela da OIE permite ao Estado buscar novos mercados

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(Foto: AEN)

Valecir Rubert carrega nos ombros as marcas de mais de 20 anos de lida na suinocultura. São queixas de quem por 19 longas temporadas alimentou com a mão cerca de 1.100 porcos. Ciclo repetitivo, cargas pesadas, de três a quatro vezes por dia. Contudo, o alívio para as demandas do produtor começaram no ano passado. É que um robô, daqueles mais modernos do mercado, foi incorporado à rotina da pequena granja de Toledo, na Região Oeste.

Assim, o trabalho braçal, agora, fica a cargo da máquina, deixando os bastidores por conta de Rubert, o que diz muito sobre a modernização do setor. “Agora uso mais a mente. O robô faz o trato dos porcos, pesa a quantidade certa de ração e abastece, sozinho, os cochos. Eu fico acompanhando pelo computador, programando o painel”.

De acordo com o suinocultor, o aparelho foi a última aquisição da granja modelo dos Rubert. Perfeccionista, ele figura sempre entre os líderes de aproveitamento da Região, considerando apenas os parceiros da BRF, com quem tem um acordo de décadas. Em 2019 ficou em segundo lugar. Mas neste ano, já recebeu a notícia de que está entre os cinco melhores em converter ração em carne de porco (peso do animal).

A tecnologia ajuda, claro, mas é o olho do patrão que engorda os bichos. Faço tudo com muito amor e capricho, por isso dá tão certo.

Conforme Rubert, ele encaminha, religiosamente, aproximadamente três mil animais por ano para abates no frigorífico da BRF. “Os porcos saem daqui com 147 quilos de média”.

“ERA QUASE TUDO MATO”

Dionei Stuani também tem anos de granja. Começou com o pai, em 1977, quando Toledo nem de longe era a mesma de hoje. “Era quase tudo mato”. Conforme Dionei, progresso que se refletiu nos negócios da família. Abriu a jornada com 30 matrizes, algo bem distante das mil cabeças alojadas atualmente na propriedade. Com planos de expansão: chegar a 1.500 suínos em um curto prazo.

A apresentação da carne suína melhorou muito, não existe mais preconceito. E sou até suspeito para falar, mas é uma carne única: macia e saborosa.

POLO PRODUTOR

Suínos produzidos em Toledo (Foto: AEN)

Assim as famílias Rubert e Stuani ajudam a fazer de Toledo o principal polo produtor da proteína no Paraná. De acordo com a Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab), o suíno de corte é responsável por 30% de tudo o que é produzido na cidade. São aproximadamente 1,7 milhão de cabeças. “O mercado está bom, pagando melhor”.

Conforme a Seab, efeito que se vê para além dos limites da Região Oeste. O Paraná é o segundo maior produtor de suínos, atrás apenas de Santa Catarina. De acordo com a Seab, o segmento apresentou um aumento de 10,6% no primeiro trimestre deste ano. Foram 241,3 mil toneladas de carne produzidas e 2,5 milhões de porcos abatidos nos primeiros três meses de 2021. Ou seja, 211 mil a mais que no mesmo período do ano passado. A projeção para 2021 é de alcançar 950 mil toneladas – em 2020 foram 936 mil toneladas, um aumento de 11,1% comparativamente a 2019.

“Houve um aumento da demanda como resultado da pandemia, interna e externa, o que puxou o aumento da produção. Vamos crescer ainda mais neste ano”, destaca Edmar Gervásio, técnico do Departamento de Economia Rural (Deral) da Seab, especializado na suinocultura e na piscicultura.

CHANCELA

Com a confirmação em maio por parte da Organização Mundial da Saúde Animal (OIE) de que o Paraná se tornou área de zona livre de peste suína clássica independente, o Estado garante vantagens sanitárias aos produtores locais no mercado internacional. Uma nova perspectiva de crescimento.

Conforme o secretário de Estado da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara, mesmo com o desequilíbrio do preço da carne com o custo da produção, com a alta do dólar refletindo no valor dos insumos, o Paraná segue em ritmo de crescimento no abate. “E vamos crescer mais e aproveitar o novo status para ir em busca de novos mercados, atraindo mais indústrias e ampliando os turnos de trabalho”.

Um dos reflexos imediatos vai acontecer em Assis Chateaubriand, vizinha de Toledo, já em 2023. A Cooperativa Central Frimesa deve inaugurar um mega-frigorífico para abater 23,3 mil cabeças ao dia. Será o maior da América Latina.

SÉRIE

A carne suína de Toledo faz parte da série de reportagens “Paraná que alimenta o mundo”, desenvolvida pela Agência Estadual de Notícias (AEN). O material mostra o potencial do agronegócio paranaense.

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Cristina Esteche

Jornalista

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