Com a eleição do cardeal de Buenos Aires, o Jesuíta Jorge Mario Bergoglio, o povo católico presente em todos os continentes e países do mundo, vibrou ao ouvirem ‘Habemus papam!”, isto é, ‘temos papa’. Com a renúncia de Bento XVI, o ministério de Pedro ficou vacante por vários dias, conhecido na Igreja como "sede vacante". Para os católicos, é o momento de rezar para que o Espírito Santo ajude os cardeais a escolherem um novo papa. O anúncio do "habemus papam" ressoou como um grito de alegria na Praça São Pedro, Vaticano, que ecoou em toda parte do mundo. Assim, os católicos acolheram o Jesuíta Francisco I como o novo guia espiritual.
Para padre Joaquim Parron, Provincial no PR e MS e coordenador dos Redentoristas no Brasil, a escolha de um Jesuíta afinado com uma ação pastoral concreta, vai ajudar a Igreja a ser cada vez mais pastoralista e evangelizadora. “Santo Afonso, fundador dos Redentoristas, sempre teve um amor muito grande para com os Jesuítas”, ressaltou padre Parron.
No século XVIII os Jesuítas foram expulsos do Brasil e perseguidos em quase toda a Europa. Santo Afonso de Ligório, que é doutor da Igreja, se colocou em defesa desses religiosos. Inclusive, alguns agentes do império, no Reino de Nápoles achavam que Santo Afonso de Ligório era um ‘Jesuita’ disfarçado de ‘Redentorista’. Quando os Jesuítas foram banidos da Europa, o próprio Papa da época, Bento XIV, pediu para os Redentoristas assumirem a Igreja de Jesú, próximo do Vaticano. “Mas Santo Afonso argumentou dizendo que não aceitaria essa paróquia em respeito e em defesa dos Jesuítas”, afirma padre Parron.
O cardeal Jorge Mario Bergoglio, agora Papa Francisco I, sempre teve uma atuação muito firme em defesa dos ‘sem voz e sem vez’ na Argentina, inclusive, tem sido um crítico da política neoliberal dos Kirchens. “Assumindo o nome de Francisco I possivelmente vai assumir uma linha pastoral de São Francisco de Assis, amigo dos pobres, da natureza e defensor de uma Igreja sem privilégios e a serviço do diálogo e da paz”, ressalta o Redentorista Parron.
O QUE SE ESPERA DO NOVO PAPA
A Igreja Católica não surgiu ontem ou poucos anos atrás, mas carrega consigo uma história de dois mil anos, guiada pelo Espírito Santo. Isso é, desde a Ascensão do Senhor, conforme Atos 1, 6-11, essa mesma Igreja tem anunciado a Boa Nova de Cristo, tem ajudado a resgatar culturas, tem iniciado as universidades (ano de 1.088 de Bolonha, ano de 1.179 de Paris…), defendido os direitos fundamentais com grande encíclicas como a Rerum Novarum, de Leão XIII em 1891, e tem-se atualizada ao mundo moderno com o Concílio Vaticano II (1962-1965). [Toda essa caminhada proativa, não quer dizer que os que falam em nome da Igreja não tenham pecados, pois os mesmos não são anjos, mas sim humanos.] E agora, com a eleição do argentino Papa Francisco I, a Igreja mostra um rosto de esperança num mundo tão desgastado com tantas discórdias e guerras. Francisco I é amigo dos pobres, tem defendido os vulneráveis enquanto cardeal de Buenos Aires e profundamente comprometido com a Igreja.
É importante lembrar o que o Concílio Vaticano II ensinou: ‘a Igreja é indefectível santa” (LG 39), pois a mesma é obra do divino amor de Deus para anunciar o Reino da esperança e fraternidade. No entanto, essa Igreja que é santa, é feita de pessoas que são santas, mas também pecadoras. Por isso, ninguém deve se sentir escandalizado pela faltas das pessoas que compõem e até falam em nome da mesma.
O Vaticanista norte-americano John Allen Jr, da Rede de TV CNN e da NCR, projetou alguns passos importantes para o novo papa.
-Melhor comunicação com o mundo. A transparência dos atos da Santa Sé vai ajudar um melhor engajamento com a mídia e assim poderá comunicar, ainda com mais vigor, a riqueza da mensagem do Evangelho. Assim, a Igreja vai estar mais a serviço do diálogo e da construção da paz no mundo.
-Melhor gestão da cúria, tendo as pessoas certas nos lugares certos. O novo papa, segundo Allen, não precisa agir como ‘um Jesus com MBA’, mas dar mais agilidade à área administrativa da cúria romana.
-Melhor atualização no mundo moderno, não mudando a sua doutrina, mas sim tendo melhor estrutura para dialogar, com mais rapidez, com o mundo atual. A reestruturação se faz necessário, pois o mundo tecnológico e da informação está deixando para traz aqueles que ainda insistem em trabalhar no modo artesanal.
Além desses elementos, Papa Francisco I vai mostrar uma Igreja preocupada com os ‘sem voz e sem vez’, uma Igreja aberta ao diálogo e edificadora da paz e da concórdia. Em síntese, uma Igreja que anuncia o amor de Deus através de Jesus Cristo, mas sem deixar de pregar o amor ao próximo. É bom lembrar que Papa Francisco I, enquanto cardeal de Buenos Aires, lutou contra o livre mercado que faz da pessoa humana objeto e pregou um mundo mais justo e fraterno.
Todos esses meios não quer dizer mudar a doutrina e muito menos deixar-se levar pelo mundo mercantilista, mas sim afirmar com mais intensidade a sua missão pela salvação em Jesus Cristo e melhor comunicar a palavra de esperança à humanidade, de modo especial aos mais pobres e excluídos da dignidade humana. Os ventos que vêm de Roma dizem que Francisco I caminhará nessa direção, mesmo que porventura a ala anti-católica da mídia queira distorcer.
Pe. Joaquim Parron, CSsR – Provincial dos Missionários Redentoristas, doutor em ética social pela the Catholic University of America, Washington, DC, USA e coordenador da pós em ética e educação da FACSUL.