22/08/2023
Cotidiano

Rua Francisco de Assis está em péssimas condições

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Sem asfalto, alunos e professores de escola precisam driblar as poças de água que se formam na rua em dias chuvosos

A recente notícia do excepcional desempenho do Colégio Estadual Liane Marta da Costa (foto), no bairro Boqueirão, com um alto índice de aprovação de seus alunos nos vestibulares de 2008, vem acompanhada de uma cobrança dos moradores daquele bairro – mas principalmente de alunos e professores da escola.
As reclamações se referem às péssimas condições da rua Francisco de Assis, que dá acesso ao colégio. Por ela passam três linhas de ônibus urbano, e razoável movimento de automóveis, que as crianças têm que driblar, além das poças de água, para chegar à escola. Sem asfalto, a rua não tem calçada, nem qualquer sinalização, para a sua segurança.
Na mesma região, outro motivo de reclamações intermináveis é a Travessa Arlindo Antunes de Almeida, entre o Pahy e a Av Serafim Ribas, onde estão localizados diversos grandes estabelecimentos industriais e escolas, importante via de ligação entre bairros, nas mesmas péssimas condições de tráfego da rua Francisco de Assis.
Nas entrevistas com as pessoas da região, o que chama a atenção é o medo de se identificar. Uma delas, depois de uma longa lista de queixas, desautorizou enfaticamente a citação de seu nome, justificando: “Eu teria muito mais a perder”.
Segundo a diretora do colégio, Josiane Marques, desde 2002 os pedidos de providências vêm se repetindo, sem solução. Ela perdeu a conta dos ofícios enviados à Prefeitura, à Câmara e à Surg, sempre com a mesma resposta: “o projeto está pronto”. E nada mais. Neste ano, novos ofícios já foram encaminhados, até agora também sem qualquer resposta concreta. Ela faz questão de lembrar que a luta do professor Huberto Limberger, idealizador e fundador da escola, também não teve êxito ao seu tempo.
Além da insegurança para os alunos, cuja maioria mora nos arredores e vem a pé para a escola, ela enfatiza a extrema sujeira que invade todas as suas dependências, permanentemente. “É impossível manter um nível regular de limpeza. Estamos sempre lutando ou contra o pó, ou contra o barro”. Os terrenos baldios tomados pelos matagais, por onde muitos alunos transitam para ir à escola, também preocupam pais e professores.
Em 2005, a diretora e alguns colegas tentaram um contato pessoal com o prefeito, mas não conseguiram. Foram bloqueados “por aquele secretário dele, o Zizinho, que apenas repetiu que o projeto está pronto desde 2005”.
Além do problema do asfalto, a moradora Júlia Cristina Kachuba Dominico chama atenção para a falta de manutenção do terreno baldio na rua ao lado daquele que recebeu asfalto. “Está muito perigoso, o mato está bem alto e as crianças passam todo dia pelo carreiro para cortar caminho. Não sabemos quem é o proprietário e quando procuramos a Prefeitura para reclamar ouvimos que não podem fazer nada, pois é particular. Mas será que não podem mandar um ofício exigindo a limpeza, porque é preciso fiscalizar”, questiona.
Por ocasião da inauguração do ginásio do Liane, o deputado Artagão Junior teria dito aos professores que o governo estadual destinara uma verba de 3 milhões de reais para o asfaltamento da rua Francisco de Assis, que foi devolvida pela Prefeitura. Ao comentar o fato, uma das professoras lembrou que “o colégio é do Estado, mas nós e os alunos somos do município”.
Um dos fatos para os quais os moradores mais chamam a atenção é que algumas transversais da própria Francisco de Assis, praticamente desertas de movimento viário, e alguns trechos desertos até de moradias, receberam asfalto novo bem recentemente. A pergunta que se repete é: qual o critério? “É reflexo de tudo o que vem acontecendo em Guarapuava, ultimamente”, diz um dos moradores que não quis se identificar. “O que vale é só a rua das flores, e asfalto no mato”, completa outro, ao lado, com ar enigmático.

Cristina Esteche

Jornalista

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