Busquei alento na desordem emocional.
Encontrei o frio e a insensatez que regem a dor.
Fui mais além, testei meus limites.
Endureci meu coração instigado pelo medo.
Rolaram pedras pela ribanceira saliente.
Desceu a terra numa avalanche sem igual.
Turbilhões em mim se formaram.
Busquei mais uma vez o alento. Nada encontrei.
Meu sangue e minhas lágrimas se tornaram impuros.
Inútil, me senti pairando numa neblina espessa.
Fantasma à forma mais esquelética e assustadora.
Desordem emocional no desalento da sobrevida.
Sem nenhuma esperança sigo a regra da fome.
Vago pelas ruas fétidas e geladas. Sou breu.
Meu sangue e minhas lágrimas são impuros.
Em mim, restos de divino num corpo desumano.
O fantasma entrou por meus poros e se instalou.
Caos instaurando na consciência vil e dolorida.
Medo de emergir e ser espancado mais uma vez.
Movo-me pelo visgo, mas as forças acabam…
Uma réstia de sol corta a nuvem negra e me aquece.
Consigo respirar com mais facilidade agora.
Nado e me deixo boiar no visgo estranho que me segura.
Vou alcançar a outra margem. Terei alento lá.
Porque a cabeça sentencia num julgamento cruel.
Elimino de mim toda impureza, toda a dor e vou.
Reflexos de um ontem obscuro ainda incidem sobre mim.
Vasto espaço a percorrer neste turbilhão emocional.
*Jossan Karsten é jornalista, escritor e poeta. Mora em Guarpuava e é a simplicidade em pessoa. Quando escreve, desafia, provoca, questiona e responde.