22/08/2023
Blog da Cris Guarapuava

Será que Guarapuava esqueceu nossas raízes tropeiras?

É hora de transformar essa paixão em oportunidade e colocar Guarapuava no mapa do turismo e dos negócios, honrando a história que nos define

tropeiros

Tropeiros (Imagem: IA)

Guarapuava é o coração do Paraná, com uma identidade forjada na tradição e no tropeirismo. Nossa cultura gaúcha não é um detalhe, mas sim a essência da cidade. Encontra-se presente no dia a dia, nos hábitos e, principalmente, no potencial econômico que se encontra anônimo aos olhos de grande parcela da sociedade. Isso porque, por anos, esse olhar o vê como simples hobby, e não como o motor de desenvolvimento que ele realmente é.

A herança tropeira de Guarapuava, com seus quatro CTGs e um Piquete (chegando a seis com Turvo e Campina do Simão), é um ativo valioso. A cidade é sede da 3ª Região do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG), o que atesta a importância no cenário regional. Essa conexão profunda com a tradição não se manifesta apenas em um bom churrasco ou em um chimarrão. Mas também em um ecossistema econômico robusto que se estende na Região.

Afinal, a cultura gaúcha é um negócio. Ou melhor: é agronegócio! O setor, embora não tenha notoriedade ‘fora da bolha’, movimenta uma cadeia produtiva complexa. Desde a criação de cavalos de raças nobres, com cabanhas que cercam a cidade, e que atraem investidores de todo o país, até a produção de indumentárias e insumos para rodeios, há um potencial de geração de empregos e renda que é praticamente ignorado.

Rodeio Crioulo

Para dar um exemplo, a Semana Farroupilha está em pleno andamento, e o CTG Chaleira Preta promove o tradicional rodeio crioulo. É um evento que atrai laçadores e laçadoras de alto nível, muitos deles campeões estaduais e nacionais, em uma modalidade considerada uma das mais caras do esporte brasileiro. Equipes competem em outros estados levando o nome de Guarapuava e trazendo prêmios. Mas e a valorização?

Vamos a um fato. É inaceitável que, por falta de visão estratégica, por exemplo, Guarapuava tenha ficado de fora do Caminho dos Tropeiros traçado pelo Governo do Paraná, há anos. O que deveria ser um roteiro turístico consolidado e lucrativo, capaz de atrair visitantes e investimentos, acabou sendo um projeto perdido.

Pilar econômico

Existem iniciativas, planos e projetos que esperam há anos por um simples “sim”. É hora de reconhecer que a cultura gaúcha não é só um hobby, é um pilar econômico. É hora de transformar essa paixão em oportunidade, dar o devido valor aos nossos talentos. Essa falta de reconhecimento é sentida, principalmente, por aqueles que vivem e respiram essa cultura.

“Que saudade dos grandes rodeios crioulos, das tropeadas, das milongas aos pés de um fogo de chão!”, lamentam os tradicionalistas, ao verem reduzir a valorização desses eventos. Assim sendo, é urgente valorizar essa cultura que é da terra. São ciclos, pode alguém dizer. Mas história não se fecha, não acaba. Guarapuava precisa entender que essas raízes tropeiras são um tesouro a ser explorado, um diferencial que pode atrair turistas, gerar renda. E, acima de tudo, manter viva a chama de uma tradição que nos define.

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Cristina Esteche

Jornalista

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