22/08/2023
Blog da Cris Guarapuava

Soberania brasileira em xeque

Setores produtivos brasileiros correm risco imediato com tarifa de Trump, vista como intromissão absurda até pela imprensa americana

Bandeira Brasileira (Foto: Governo Federal)

A decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros expõe a vulnerabilidade da soberania nacional frente ao jogo geopolítico global. Na prática, a medida foi interpretada como chantagem política direta. Ou seja: Trump condicionou a suspensão da tarifa ao arquivamento do julgamento de Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal. Transformando assim tarifas comerciais em instrumentos de pressão institucional sobre outro país.

Essa decisão chamou a atenção global. A imprensa internacional repercutiu duramente o ato. O ‘New York Times’, por exemplo, classificou a iniciativa como “um uso inédito de tarifas para intervir em processo judicial estrangeiro”. Enquanto a BBC destacou o salto de 10% para 50% como ameaça aberta à economia brasileira. Já o ‘The Guardian’ numa abordagem mais ofensiva, chamou a carta de Trump de “destemperada”. E também alertou para o desvio de protocolo diplomático, enxergando sinais de autoritarismo tarifário. Já a ‘Bloomberg’ apontou que a decisão tem menos relação com comércio e mais com “ideologia e vingança”.

Os impactos imediatos da intromissão de Trump na nação ‘verde e amarela’ recaem sobre setores estratégicos da economia. Petróleo, café, carnes, ferro e aço, principais produtos exportados para os EUA saem prejudicados. As consequências podem incluir alta na inflação, aumento de custos de produção e pressão sobre o emprego e a renda em diversas cadeias produtivas.

FIEP SE MANIFESTA

Preocupada a Federação das Indústrias do Paraná (FIEP) manifestou perplexidade e pediu abertura urgente de diálogo para evitar prejuízos imensuráveis. No Paraná o impacto negativo vai pesar sobre muitos produtos, principalmente, florestais, madeira, madeira compensada, couros e peles, obras de marcenaria, entre outros. Situação que vai atingir em cheio Guarapuava e Região, onde o setor madeireiro e do agronegócio são muito fortes.

Enquanto isso, o Presidente Lula reafirmou que o Brasil não aceitará ser tutelado. Ele anunciou resposta com base na Lei de Reciprocidade Econômica. O Supremo, por sua vez, manteve o cronograma do julgamento de Bolsonaro para agosto, ignorando a tentativa de interferência. E como não poderia ser diferente para hoje (10) já temos a disparada do dólar futuro, o recuo da bolsa brasileira, e a curva de juros começou a subir.

E AGORA?

Diante desse cenário, não apenas o governo federal, mas também os setores produtivos e a sociedade como um todo precisam se manifestar firmemente para impedir essa intromissão absurda na autonomia nacional. É fundamental que lideranças políticas, empresariais e civis deixem claro que tarifas não podem se tornar armas de chantagem contra o Estado brasileiro e as instituições.

Entendo que num um contexto de guerra tarifária e chantagem diplomática, o Brasil se vê no epicentro de um novo teste à ordem democrática global. E aí o terreno se torna minado, onde o silêncio pode custar caro à soberania e ao futuro econômico do país.

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Cristina Esteche

Jornalista

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