22/08/2023
Guarapuava Segurança

Testemunhas afirmam que ouviram Tatiane Spitzner gritar antes de cair

Rodrigo Crema, médico que atendia Tatiane, assegurou que ela sofria de ansiedade e não de depressão. Ele disse que ela nunca falou sobre crise conjugal

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Tatiane morreu em 22 de julho de 2018 (Foto: Arquivo/RSN)

Três depoimentos de testemunhas apresentados em vídeos marcam o início do quinto dia de julgamento de Luis Felipe Manvailer, neste sábado (8), em Guarapuava. Esses depoimentos acabaram por volta das 11h30 e houve recesso por uma hora para almoço.

O primeiro vídeo mostrado, se tratou da oitiva do médico Rodrigo Sereno Crema, que ocorreu ainda na fase de instrução do processo penal. Ele receitava medicamentos à vítima, Tatiane Spitzner e ao réu preso Luis Felipe Manvailer. Embora seja cardiologista, ele disse que cerca de 40% a 50% dos atendimentos são por questões emocionais (ansiedade).

CREMA

Assim sendo, ele também prescreveu antidepressivos (Velija) a Tatiane, que também experimentou o uso de testosterona. Segundo o médico, o uso foi feito no início do tratamento, por 20 dias, e interrompido. De acordo com informações técnicas, esse antidepressivo age no sistema nervoso central proporcionando a melhora de sintomas depressivos em pacientes com transtorno depressivo maior, entre outros diagnósticos. Entretanto, segundo Crema, ela não tinha depressão, mas ansiedade e dor.

Além disso, houve a prescrição de um conjunto de outros medicamentos. Conforme Crema, Tatiane tinha quadros de fibromalgia e, por isso, receitou antidepressivo. Conforme informações, a fibromalgia apresenta sintomas de fadiga, a pessoa não tem um sono reparador e acorda cansada. Apresenta ainda alterações de memória e atenção, ansiedade, depressão e alterações intestinais. Disse também que Tatiane não queria fazer uso da prescrição argumentando que não queria antidepressivo. “Expliquei que era para dor”.

Manvailer também o procurou junto com a esposa. O foco de ambos era o melhor desempenho esportivo. Tatiane participava de maratona de corrida e frequentava academia. Já Manvailer, é adepto de artes marciais, academia e rugby. Entretanto, Crema disse que achou Manvailer “muito grande”. Segundo o médico, ela não relatou nada sobre crise conjugal.

FERNANDA AYRES

A segunda a depor é Fernanda Ayres, moradora no primeiro andar do Edifício Golden Garden onde Tatiane morreu. De acordo com Fernanda, ela estava dormindo e acordou para ir ao banheiro e ouviu uma mulher gritando. “Foi um aaaaah, por uns 30 segundos, e em seguida, um baque. Pensei que fosse um tiro”.

Conforme Fernanda, o esposo Luis Marcelo Sanches estava dormindo. “Me levantei para ir ao banheiro e ouvi um grito de aaaaaaaa”. Ainde acordo com a testemunha, da janela, que dá de frente para a rua Senador Pinheiro Machado, ela viu o corpo de Tatiane no chão e um Manvailer debruçado sobre o corpo chorando muito.

“Me dei conta de que tinha acontecido algo, quando vi um homem debruçado sobre ela, chorando. Então entrei para chamar o meu marido, que já estava acordado, mas não tinha noção de que uma pessoa havia caído do prédio”. Ela disse também que viu a testemunha Antonio Marcos no celular. Em seguida a polícia chegou e pediu pra alguém abrir a porta do edifício para entrarem. “Eu e meu marido descemos, e eu abri a porta”.

ROBERTA KELLY

A secretária Roberta Kelly morava também no primeiro andar do edifício Golden Garden. De acordo com a testemunha ela acordou na madrugada porque o filho de oito anos estava tossindo muito. “Depois disso me deitei, mas não conseguimos dormir por causa do barulho que vinha de um dos apartamentos acima. De acordo com Roberta, ela ouviu passos de um lado para o outro. “Ecos” de discussão entre um homem e uma mulher. “Meu marido é pastor e estava na igreja em campanha. Mandei uma mensagem  contando que alguma coisa grave estava acontecendo porque já eram mais de 10 minutos de discussão. Ele disse que ligaria para a polícia”.

De acordo com a testemunha, depois disso, ela e o filho ajoelharam na cama e começaram a orar. “Sempre faço minha oração às 3h. Tinha colocado relógio pra despertar, mas não despertou. Mas acordei com a tosse do meu filho, poucos minutos antes das três e não dormimos mais por causa do barulho”.

Conforme Roberta, ela levantou para ir ao banheiro quando ouviu um grito pedindo socorro e dizendo “aaaaaa” e em seguida um barulho seco de algo batendo no chão. Todavia, ela disse que como o local onde morava fica bem próximo ao andar térreo, esses gritos foram nítidos.

Assim, pelo barulho do impacto do corpo pensou que tinha caído na sacada do apartamento onde morava. Grávida e de risco, Roberta contou que ficou com medo de chegar à sacada. “Esperei um pouco e saí na sacada. Achei uma pulseira e peguei. Olhei bem para ver se tinha sangue na sacada, mas não tinha. Olhei para cima e vi uma casal na sacada de um apartamento [Camila e José Ivo]. Olhei pra baixo e viu uma poça de sangue e dois pares de bota na escada”.

De acordo com Roberta, por volta das 5h o esposo dela retorna para o apartamento e já se depara com pessoas limpando vestígios de sangue.

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Cristina Esteche

Jornalista

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