Tradições da sexta feira Santa

Lizi Dalenogari, da Redação

Em Guarapuava muita gente ainda guarda as tradições da sexta-feira Santa. Neste período do ano as manifestações da Semana Santa são uma verdadeira fartura cultural tanto de hábitos, quanto de crendices populares. É certo: esses costumes já foram mais fortes, mas muita gente ainda conserva hábitos e lembra com carinho do que viveu neste tempo há anos atrás. 

Marilise Michelini é gaúcha mas vive em Guarapuava há muitos anos com a família. Nesta sexta-feira Santa(03) completou o ritual que leva à risca desde criança. Levantou cedo, e antes do nascer do sol, ainda aproveitando o orvalho da noite, colheu macela (conhecida popularmente como marcela) e outras ervas que serão usadas durante o ano. “Colher na sexta feira Santa, além de trazer os benefícios próprios de cada propriedade das ervas, traz o bônus de ser colhida no dia santo. Acreditamos na cura total de todos os males pela benção que elas trazem”, destaca.

Para abençoar o lar, uma guirlanda de Páscoa é caprichosamente confeccionada e colocada na porta de entrada da residência. “O cipó representa a coroa de Cristo, os espinhos o sofrimento do flagelo e da morte e o verde a Ressureição. A marcela vem para representar o dia santo”, explica Marilise.

Esposo de Marilise, o Tião, ajuda a colher as ervas

Ela explica que a tradição vem da época de seus bisávos. Por terem pouco acesso a medicamentos, eles tinham muita fé nos chás, nas ervas para curar. E reservavam o dia santo para Jesus. Nesse dia não tiravam leite, não montavam nos cavalos, jejuavam, evitavam de falar alto, e até de pisar forte no chão. “Tudo por respeito a Cristo que morreu por nós. É como fazemos quando perdemos um ente querido”, detalha.

Muito comum na época e ainda praticada por alguns é a conhecida “tirar as aleluias”. “Não se repreende as traquinices das crianças na sexta-feira Santa, somente vai se computando as aleluias para serem descontadas no sábado de aleluia, no caso hoje. Teve um ano que minha filha contou mais de 40 aleluias. Faltou lombo pra acertar”, brinca Marilise.