22/08/2023

Cleida: passando por diferentes fronteiras para mudar de vida

Cleida mudou de continente em busca de um sonho. No meio do percurso ela descobriu uma gestação e hoje, luta para dar o melhor para a família

Cleida (Foto: Arquivo pessoal/Cleida Rodrigues)

*Reportagem com vídeo

Cleida Helena Monteiro Rodrigues de 23 anos, é natural de Praia, capital de Cabo Verde, país que fica situado na África Ocidental, localizada na ilha de Santiago. Vinda de um arquipélago constituído por 10 ilhas, a jovem decidiu pousar em Guarapuava. Desde pequena tinha o sonho de estudar no Brasil. “Sempre fui uma excelente aluna, estudava muito para poder conseguir uma bolsa e vir para cá”. Com muito esforço, ela conseguiu dar vida ao sonho de criança.

Em 2016, quando terminou o ensino médio, passou quase dois anos convencendo os pais para que deixassem que mudasse para outro continente. Ela conta que no país em que morava, a visão que eles tinham do Brasil era de violência e perigo, o que fez dificultar a vinda para cá. Em 2017, para não ficar sem estudar, Cleida entrou numa universidade, ela recebeu uma bolsa para cursar Engenharia Química e Biológica. Em dezembro ela viu o sonho ganhando vida e mudou para a América do Sul, vindo morar em terras brasileiras.

No dia 28 de fevereiro de 2018, pegou um avião para mudar de rumo e cursar Nutrição. “Vim para o Brasil sem conhecer nada e nem ninguém, não tinha noção de nada daqui”. Ela conta que a Unicentro a recebeu super bem, e pode entrar em contato com outros estrangeiros que também moravam em Guarapuava. E assim, conheceu a melhor amiga, angolana, que a recebeu em casa, sem nem mesmo a conhecer.

“Me adaptei muito bem e fiz muitas amizades, mas logo no início descobri que estava grávida de quase cinco meses e foi um choque”

Em setembro, Kayla nasceu. Desse modo, teve que fazer exercícios domiciliares, mas conseguiu aprovação em todas as matérias. “Em dezembro fui para meu país de férias e sabia que eu ia deixar minha filha lá. O que eu mais ouvi eram pessoas me criticando sobre minhas escolhas em relação a isso. Mas, eu tinha uma escolha e escolhi voltar, terminar meus estudos e garantir um futuro melhor para ela”.

A pandemia atrapalhou os planos que já estavam confirmados para visitar a família. A saudade teve que ser contida apenas a distância por meio das chamadas de vídeo. Com a quarentena tudo se atrasou e os empregos foram sumindo, o que dificultou mais uma vez para que conseguisse garantir mais uma renda. “No quarto ano, é basicamente estágio, atualmente eu faço no posto de saúde, na UBS”

Eu sempre fui muito carinhosa e alegre porque sei que isso contagia e é nisso que eu me apego. Eu, Cleida Rodrigues, filha, mãe, extensionista, mulher guerreira que sou, optei por ficar longe da minha família pra dar um futuro melhor pra eles. Essa foi minha maior escolha.

 

 

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