A produção começa dias antes do desfile de 7 de Setembro, tão logo a inscrição seja feita. As lendárias Harley Davidson, se cotidianamente já são zeladas, agora recebem tratamento mais especial ainda. Tudo tem que estar religiosamente perfeito para quando o ronco der o sinal da largada, as atenções sejam somente delas.
“As nossas motocicletas são a extensão do nosso próprio corpo, ou melhor, elas dão vida ao nosso corpo. São os nossos amores e as principais rivais das nossas esposas e namoradas. Se não quiserem perder, se juntem a nós”, sentencia o bacharel em Direito e presidente do Dead Cowboys, Victor Sebastian. Ansiando pela liberdade do vento batendo contra o rosto, pelos desafios da estrada, Luana, Silvana, Charlize e outras mulheres entraram na onda. Elas também tem as suas motos e outras se preparam para adquirir.
O motoclube surgiu da necessidade de aficcionados por Harley se unirem para aventuras pelas estradas. São empresários, advogados, médicos, contabilistas e outros profissionais liberais que se reúnem em jantares, viagens, eventos beneficentes. Aliás, o Dead Cowboys foi declarado como utilidade pública pela Câmara de Vereadores de Guarapuava justamente pelo trabalho social que desenvolve, tendo como foco as crianças e adolescentes dos bairros mais vulneráveis da cidade e do interior. Em datas festivas, como Natal, Dia das Crianças, Páscoa, lá estão ele, os “harleiros” e filhos, fazendo a alegria de outras crianças.
E é a inclusão, o sentido da igualdade, de humildade, a disciplina, presente já no nome do moto clube (Dead Cowboys), com a logo de uma caveira, que rege as normas da entidade. “Pra nós a caveira é o símbolo de tudo, é o fim de todos. Então por que discriminar?” questiona Victor.
E foi em torno do menino Lorenzo, filho de Victor e de Luana, 16 anos, que esta sexta feira do grupo começou. O adolescente, que possui limitações motoras, é considerado o presidente de honra do Dead Cowboys. Dono de uma moto com Syde car, bem ao estilo da II Guerra Mundial, Lorenzo acordou às 5 horas da manhã despertado pela ansiedade em participar do desfile. A produção envolve muitas pessoas e cuidados especiais. A moto adaptada de acordo com as necessidades de Lorenzo abriu o desfile do motoclube, pilotada pelo pai. O menino transbordou a felicidade de estar fazendo uma das coisas que mais gosta, além do futebol (atentem para a logo no colete): andar de moto ao som do bom e velho rock n’ roll.
Atrás deles, a legião de “harleiros” do Dead surge na avenida. E onde vai dar tudo isso quando esse compromisso acaba? Numa brasileiríssima feijoada na Cabana do Lago, sede do Dead Cowboys, na Chácara Morada da Lua, no Jordão. É mais uma confraternização desses amantes da liberdade.