A cena cultural em Guarapuava ganha impulso com a organização de artistas em coletivos culturais, movimento que vem tomando corpo desde 2017. São escritores, artistas plásticos e fotógrafos que buscam visibilidade e crescimento conjunto no cenário local e nacional.
Envolvido com o Curucaca, movimento cujo foco é a literatura, e que reúne mais de 60 escritores, Fabiano de Queiroz Jucá, diz que a intenção é criar um público para os textos que antes ficavam guardados em gavetas, além de descobrir talentos que não são conhecidos em Guarapuava. Segundo o escritor, a invisibilidade é uma das principais barreiras para quem tenta entrar no mercado de literatura.
“Honesta e literalmente, não vejo [uma cena literária]. No começo conseguimos levantar pouquíssimos nomes de pessoas envolvidas com a escrita. Precisamos nos tornar visíveis”, defende.
O acadêmico de Letras da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) e escritor, Bruno Vieira, argumenta que a organização de artistas em coletivos dá oportunidade para um crescimento conjunto, já que garante que todos estejam em contato com a arte.
“A importância destes [coletivos] também se dá enquanto oportunidade de transformar as produções em trabalhos reais, permitindo que mais pessoas possam trabalhar com o que gostam de fazer”, acredita. Ele também ressalta que vê nessas ações uma possibilidade de democratizar o acesso à cultura e incentivar novos artistas.
“Além de humanizar uma sociedade onde o caos, a violência e o preconceito nos infectam diariamente”.
Reunindo apaixonados por imagens, o coletivo Metamorfose também está em ebulição na cidade. Criado no final de 2017 pela fotógrafa guarapuavana Marília Hikari, o objetivo é unir os artistas da região.
Como mexer com cultura não é uma missão fácil, pelos altos e baixos, Marília lembra que a primeira feira que realizou conseguiu movimentar artistas e público, mas a dispersão veio rápido demais. Porém, foi nesse momento que Marília viu a oportunidade de unir forças.
“Foi nessa oportunidade que eu vi que dava para criar um coletivo tanto para dar suporte para a criação de materiais artístico, quanto para a divulgação e para criar um vínculo entre comunidade e artista”.
Nestes primeiros meses, a principal atuação do grupo está sendo em feiras e exposições, visando sobretudo a questão mercadológica, que é uma das principais dificuldades apontadas pela fotógrafa.
“É difícil entender essa relação com o dinheiro. Quero ser uma artista independente, mas dependo da aceitação do mercado, e isso ainda não acontece”, ressalta Marília, pontuando que o resultado disso é que muitos artistas ainda tratam seu trabalho como um hobby.
INTERVENÇÕES
De acordo com Marília, uma das ações que estão sendo planejadas pelo Metamorfose ainda para este ano são as intervenções urbanas com o objetivo de melhorar a visibilidade dos artistas. “Queremos causar comoção e mostrar que existimos”, diz.
Mas, além disso, serão feitas oficinas e workshops remunerados pelos artistas, buscando difundir o conhecimento artístico e valorizar o trabalho desenvolvido pelos membros do coletivo.
“Cada um vai ministrar na sua área, e queremos que isso seja remunerado, justamente para mostrar que há um valor de troca”.