22/08/2023



Com a camisa e objetivos iguais, quais são as diferenças entre as seleções femininas e masculinas?

Depois de anos vestindo camisa grande e calção largo, as brasileiras, enfim, ganharam um modelito para elas

Seleção brasileira feminina (Imagem: Reprodução/Copa A Gazetinha)

Existe um abismo entre o futebol masculino e o feminino. Desse modo, essas discrepâncias respingam nas duas versões da Copa do Mundo e na modalidade como um todo, isso tanto no Brasil como em outros países.

Mesmo que parte dessas desigualdades estejam ligadas às quantias milionárias movimentadas pelos clubes ou seleções e jogadores, as mulheres estão buscando espaço nos gramados e brigam, cada vez mais, pela igualdade de gênero no futebol.

PREMIAÇÃO

A diferença de premiação oferecida aos atletas na Copa é um dos principais indicadores da distância que separa o futebol masculino do feminino. Em 2018, os franceses que foram campeões do mundo na Rússia, levaram para casa US$ 38 milhões, pagos pela Fifa (Federação Internacional de Futebol). Já para as vencedoras do Mundial na França em 2019, a entidade desembolsou apenas US$ 4 milhões.

Troféu da Copa do Mundo para a seleção vencedora além da quantia milionária (Imagem: Reprodução/Exame)

No total, foram gastos cerca de US$ 30 milhões em prêmios para as 24 seleções participantes do torneio. Assim, o valor foi muito inferior aos US$ 400 milhões distribuídos pela Fifa para os times masculinos que disputaram a Copa em 2018. Os últimos colocados, eliminados ainda na fase de grupos, receberam US$ 8 milhões cada, ou seja, o dobro da quantia reservada às primeiras colocadas da Copa da França em 2019.

EDIÇÕES DE COPA DO MUNDO

Em 1930, os homens jogaram a primeira Copa do Mundo de Futebol, no Uruguai. Desde então, ocorreram outras 20 edições do torneio. Já as mulheres precisaram esperar mais de seis décadas para que a Fifa organizasse uma versão feminina da competição. Desse modo, sediada pela China, a Copa de 1991 reuniu 12 equipes e teve como campeã a seleção dos Estados Unidos.

UNIFORMES

Depois de anos vestindo camisa grande e calção largo, as brasileiras, enfim, ganharam um modelito para elas. Até a Copa da França, os uniformes usados pelas meninas da seleção, tanto nos jogos oficiais quanto na concentração, reaproveitavam o design elaborado para o time masculino.

Mas, pela primeira vez, a Nike, patrocinadora da seleção, criou um modelo especialmente para elas. Dessa forma, ele é ajustado ao corpo feminino e traz uma homenagem na parte interna da gola: “Mulheres Guerreiras do Brasil”.

PÚBLICO

O número de torcedores que vão aos estádios durante a Copa do Mundo masculina é muito maior do que o do evento disputado pelas mulheres. No Mundial feminino, na França (2019), a média de público foi de 21,7 mil pessoas por partida. Já na Rússia (2018), a média ficou em 47,3 mil torcedores.

O melhor desempenho de público já visto na Copa feminina foi nos Estados Unidos (1999): quase 38 mil espectadores por jogo. Ainda assim, bem abaixo da maior média obtida no evento dos homens, também no país norte americano no ano de 1994: 68,9 mil pessoas por confronto.

TRANSMISSÃO

Demorou oito edições da Copa do Mundo de Futebol Feminino para que os brasileiros conseguissem acompanhar a seleção pela TV aberta. Pela primeira vez em 2019, a Globo e a Band transmitiram todas as partidas do Brasil no Mundial da França. Na TV fechada, Sportv e Band Sports também exibiram os jogos da competição.

Seleção brasileira masculina (não atualizada) (Imagem: Reprodução/Istoé)

SALÁRIOS

Kylian Mbappé, jogador do Paris Saint-Germain, é o atleta mais bem pago do mundo, segundo o ranking anual da revista Forbes: US$ 128 milhões entre salário e patrocínios. O valor é cerca de 282 vezes maior do que o recebido anualmente por Ada Hegerberg, do Lyon (França).

A norueguesa, que tem o maior salário entre as jogadoras de futebol, fatura cerca de US$ 452 mil por ano. Como forma de protesto pela desigualdade de gênero na modalidade, a atacante decidiu deixar de defender a seleção da Noruega e ficou fora da Copa da França.

A jogadora Marta da seleção brasileira já foi eleita a melhor do mundo por seis vezes e recebe 340 mil euros, o que corresponde a R$1.495.000,00 por temporada. A quantia, embora pareça alta, é o equivalente a apenas 1% do salário do jogador Neymar Jr., por exemplo.

CONDIÇÕES DE TRABALHO

Graças a medidas legais, os clubes da elite do futebol brasileiro passaram a ser obrigados a manter equipes femininas. Embora tenham contribuído para o crescimento da modalidade no país, as leis ainda não garantiram a profissionalização. Além disso, a maioria das jogadoras não possui carteira assinada, elas recebem apenas uma ajuda de custo ou benefícios e precisam exercer outras profissões para se sustentar.

O cenário mundial não é muito animador. Segundo pesquisa divulgada em 2018 pelo sindicato internacional dos jogadores de futebol (FIFPro), quase metade das jogadoras (49,5%) não recebe salário para atuar nem tem vínculo formal com os clubes que atuam (47%).

Cerca de 30% fazem jornada dupla de trabalho para seguirem nos gramados e 35% não ganham nada para defender as seleções. O estudo, realizado em parceria com a Universidade de Manchester (Inglaterra), envolveu 3.600 atletas de diversos países da Europa, África, Ásia e Américas.

BOLSA ATLETA

É um programa do Governo Federal em parceria com o Ministério do Esporte que foi criado para apoiar praticantes de diversas modalidades esportivas no Brasil. Os valores do incentivo variam de R$ 370 (estudantes ou categorias de base) a R$ 15 mil (atletas de pódio).

Das 23 jogadoras da seleção convocadas à Copa do Mundo de 2019, 17 recebiam ajuda financeira mensal para complementar a renda e para aliviar os gastos com material esportivo, transporte, entre outros. Contudo, essa realidade é bem diferente da seleção masculina, na qual as remunerações dos atletas costumam ultrapassar (e muito) as centenas de milhares de reais.

Por fim, o que você acha dessa disparidade entre as seleções femininas e masculinas? Já passou do momento de igualarmos os homens e as mulheres, e não apenas no esporte, mas em todas as profissões.

Leia outras matérias no Portal RSN.

Jornalista

Relacionadas

Este post não possui termos na taxonomia personalizada.

A missão da RSN é produzir informações e análises jornalísticas com credibilidade, transparência, qualidade e rapidez, seguindo princípios editoriais de independência, senso crítico, pluralismo e apartidarismo. Além disso, busca contribuir para fortalecer a democracia e conscientizar a cidadania.

Pular para o conteúdo