22/08/2023

Crueldade nas redes sociais expõe lado sombrio de quem possui traumas

Psicólogo diz que comentários cruéis em redes sociais acaba sendo uma válvula de escape para pessoas traumatizadas

Golpistas invadem contas das redes sociais de jovens e conseguem dinheiro com Pix (Foto: Reproducao/UOL.com)

Postagem em redes sociais (Foto: Pixabay)

Disseminação do ódio, julgamentos pré-concebidos, desinformação, notícias ‘fakes’. Estas são apenas algumas das manifestações que se observam, diariamente, e cada vez mais, nas redes sociais. É como se cada um detivesse a verdade absoluta. Se alguém contraria, lá surgem os ataques.

De acordo com o psicólogo Silvio Ortiz, de Guarapuava, o ser humano é dotado de falhas e de virtudes. Ou seja, não existe quem seja totalmente bom ao ponto de não cometer nenhum deslize ou ruim que não tenha possibilidade de algum gesto positivo. “Isto está sujeito desde a nossa personalidade, a determinados tipos de transtornos, a criação, os traumas, nível de o auto-conhecimento. Então vai impactar diretamente se esse lado mais sombrio é discreto, moderado ou é o protagonista”.

Conforme o psicólogo, tomando como exemplo um cidadão comum, que não é psicopata e nem benevolente, mas uma pessoa normal. “Todos carregam dentro de si determinadas questões”. No caso dos comentários e postagens em redes sociais, segundo Ortiz, o ambiente virtual facilita o despejo de questões mal resolvidas. Surge então o ‘apontar o dedo pro outro’; destilar o ódio; espalhar mentiras.

Acaba sendo uma válvula de escape muito ruim para as minhas próprias questões. Esse prazer de ferir o outro vem desse lado de criar compensações para os seus traumas. Há uma frase que diz que pessoas feridas, ferem pessoas.

Segundo o psicólogo, o ambiente virtual faz com que as pessoas se sintam seguras em frente a tela. Não  há a preocupação do olho no olho, do cara a cara. “Fica mais fácil atrás da tele do computador ou do celular, as pessoas extrapolarem”.

Entretanto, segundo Ortiz, uma pessoa que sente prazer em se sobrepor a outrem, em humilhar, muitas vezes está ligada a um complexo de inferioridade.

Se você não se sente inferior não deseja colocar as pessoas pra baixo. Em outras vezes, a arrogância significa insegurança. Portanto, são comportamentos extremos que estão ligados a opostos que a fazem agir de modo cruel. É uma espécie de compensação.

Aliado a tudo isso, a falta de leitura da maioria das pessoas provoca outro tipo de conduta negativa. E mais uma vez, o canal são as redes sociais. Surgem então, as interpretações erradas de reportagens, a disseminação de notícias falsas, os ataques vorazes contra quem pensa diferente. “Nesse último caso é a necessidade que tenho de validar e defender as coisas nas quais acredito. São as minhas ideias. Quem não pensa como eu está errado”.

De acordo com o psicólogo Silvio Ortiz, outra questão e que corrobora com a desinformação, tratam-se de características de pessoas que lêem muito pouco. “Existe então uma dificuldade de interpretar o texto. Ela lê a manchete, interpreta e dissemina. E a desinformação surge pela falta de referência”.

Todavia, na maioria dos casos, é o desejo de ‘sair primeiro, de dar o furo’ que prejudica a informação. “Há uma necessidade de ganhar curtidas. Não há uma checagem e surgem então as notícias falsas”. Ele cita como exemplo a morte do ator Paulo Gustavo, anunciada quando ele ainda estava vivo. Entretanto, essa é uma situação com a qual Guarapuava e Região convivem diariamente nos últimos dias.

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Cristina Esteche

Jornalista

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