Disseminação do ódio, julgamentos pré-concebidos, desinformação, notícias ‘fakes’. Estas são apenas algumas das manifestações que se observam, diariamente, e cada vez mais, nas redes sociais. É como se cada um detivesse a verdade absoluta. Se alguém contraria, lá surgem os ataques.
De acordo com o psicólogo Silvio Ortiz, de Guarapuava, o ser humano é dotado de falhas e de virtudes. Ou seja, não existe quem seja totalmente bom ao ponto de não cometer nenhum deslize ou ruim que não tenha possibilidade de algum gesto positivo. “Isto está sujeito desde a nossa personalidade, a determinados tipos de transtornos, a criação, os traumas, nível de o auto-conhecimento. Então vai impactar diretamente se esse lado mais sombrio é discreto, moderado ou é o protagonista”.
Conforme o psicólogo, tomando como exemplo um cidadão comum, que não é psicopata e nem benevolente, mas uma pessoa normal. “Todos carregam dentro de si determinadas questões”. No caso dos comentários e postagens em redes sociais, segundo Ortiz, o ambiente virtual facilita o despejo de questões mal resolvidas. Surge então o ‘apontar o dedo pro outro’; destilar o ódio; espalhar mentiras.
Acaba sendo uma válvula de escape muito ruim para as minhas próprias questões. Esse prazer de ferir o outro vem desse lado de criar compensações para os seus traumas. Há uma frase que diz que pessoas feridas, ferem pessoas.
Segundo o psicólogo, o ambiente virtual faz com que as pessoas se sintam seguras em frente a tela. Não há a preocupação do olho no olho, do cara a cara. “Fica mais fácil atrás da tele do computador ou do celular, as pessoas extrapolarem”.
Entretanto, segundo Ortiz, uma pessoa que sente prazer em se sobrepor a outrem, em humilhar, muitas vezes está ligada a um complexo de inferioridade.
Se você não se sente inferior não deseja colocar as pessoas pra baixo. Em outras vezes, a arrogância significa insegurança. Portanto, são comportamentos extremos que estão ligados a opostos que a fazem agir de modo cruel. É uma espécie de compensação.
Aliado a tudo isso, a falta de leitura da maioria das pessoas provoca outro tipo de conduta negativa. E mais uma vez, o canal são as redes sociais. Surgem então, as interpretações erradas de reportagens, a disseminação de notícias falsas, os ataques vorazes contra quem pensa diferente. “Nesse último caso é a necessidade que tenho de validar e defender as coisas nas quais acredito. São as minhas ideias. Quem não pensa como eu está errado”.
De acordo com o psicólogo Silvio Ortiz, outra questão e que corrobora com a desinformação, tratam-se de características de pessoas que lêem muito pouco. “Existe então uma dificuldade de interpretar o texto. Ela lê a manchete, interpreta e dissemina. E a desinformação surge pela falta de referência”.
Todavia, na maioria dos casos, é o desejo de ‘sair primeiro, de dar o furo’ que prejudica a informação. “Há uma necessidade de ganhar curtidas. Não há uma checagem e surgem então as notícias falsas”. Ele cita como exemplo a morte do ator Paulo Gustavo, anunciada quando ele ainda estava vivo. Entretanto, essa é uma situação com a qual Guarapuava e Região convivem diariamente nos últimos dias.
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