Histórias de Vida: A chegada e partida do anjo Heitor

Murilo e Heitor (Foto: Arquivo Pessoal)

“Não existem palavras capazes de expressar a dor de perder um filho, nem tempo que o apague da memória”. Murilo Rocha Szpak é pai do Heitor, chamado por ele e a esposa Poliana Polli, carinhosamente de ‘anjo’. Contudo, em março de 2021 o pequeno partiu.

Quando Poliana completou 12 semanas de gestação, eles descobriram que o filho tinha uropatia obstrutiva, ou seja, a megabexiga. “É quando o bebê não faz xixi e acaba acumulando o líquido”. Assim, foram inúmeros procedimentos para retirada de urina e até uma cirurgia para tentar evitar uma infecção generalizada.

Por ter sido uma gravidez inesperada, Murilo fala sobre o momento em que ele se enxergou pai oficialmente. “Para o homem é mais difícil ‘se ver’ pai no começo da gravidez, porém, como passamos por muitos procedimentos intrauterinos com Heitor, a ficha caiu antes”.

O Heitor representa força, vontade de viver e alegria, porque por mais que todos os momentos que passamos com ele foram difíceis, ele sempre correspondia com um sorriso.

Hoje, Murilo afirma que é uma pessoa muito melhor e bem mais coração. “Tento aproveitar cada momento como se fosse o último, viver intensamente cada dia, aproveitar cada abraço e cada sorriso”.

HEITOR

Poliana entrou em trabalho de parto com 30 semanas, foi uma cesárea de emergência. Quando nasceu, Heitor foi reanimado e encaminhado para intubação, ele estava fragilizado. Afinal, foram tirados 865ml de urina da bexiga dele antes do nascimento. A partir daí, os pais continuaram na luta pela vida do filho e contaram com o apoio das famílias e de pessoas que se solidarizaram com a história.

Foram cirurgias, infecções, provações e muitas dificuldades. Mas ele conseguia ver o milagre constantemente diante dos olhos. O filho viveu um ano dentro do hospital e lutou diariamente, mostrando uma força de outro mundo. No entanto, em 16 de março de 2021, em uma terceira infecção, o pequeno Heitor virou anjo.

Murilo e o anjo Heitor no Hospital (Foto: Arquivo Pessoal)

Poliana, mulher do Murilo, diz que depois dos procedimentos com o Heitor no hospital, ele dividiu toda a carga. “Ele só não passou as dores porque não podia mesmo, mas dividiu tudo comigo, todas as preocupações, todos os medos, tudo, absolutamente tudo”.

PATERNIDADE E SEGUNDO FILHO

“Sempre tive o sonho de ser pai, e digo que foi uma honra ser pai do Heitor e está sendo um honra ser pai do Isac”. Para ele, ser pai desse dois meninos é uma realização, mesmo Heitor não estando mais aqui hoje, porque ele continua sendo muito amado.

Poliana afirma que desconhece pai tão presente. “Um ano e quatro meses revezando as noites comigo no hospital e hoje aproveitando o Isac em casa”.

Murilo e Isac (Foto: Arquivo Pessoal)

Hoje, Murilo é um pessoa melhor, que da importância para todos os momentos, um homem que tenta cuidar ao máximo da família e um pai que brinca e cuida muito do filho. “Ele foi e é o pai mais incrível que eu já conheci, e olha que tenho excelentes pais por perto”.

É uma honra para nós levantarmos de madrugada ninar o Isac ou trocar uma fralda em casa. São coisas pequenas, porque o Heitor não fazia cocô, então nunca tivemos a honra de uma fralda cheia. Dificilmente podíamos pegar ele no colo pela quantidade de fios e cirurgias.

Por fim, o casal consegue sentir e ver tudo mais leve hoje. “Somos muito gratos por Deus ter nos permitido esse tempo com o Heitor, ele vive em nós e em tudo o que somos”.

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