22/08/2023

Julia Be: os tons de rosa que fazem as múltiplas facetas da guarapuavana

Ela afirma que é como uma gueixa, que exala a arte como se fosse um perfume, algo natural que vem da beleza, gestos e atitudes

Julia Be (Imagem: Arquivo Pessoal)

Julia Belinda Schuaigert Santos é criadora de conteúdo no Instagram, mulher trans e natural de Guarapuava. Assim, ela conta que sempre se expressou de forma artística. “É como meus sentimentos saem”.

Quando mais nova, começou com pinturas, na adolescência fez músicas e depois começou a trabalhar com fotos, edições de photoshop, design e ilustrações. Aí surgiu o Instagram.

INSTAGRAM

Julia Be, nome artístico, teve a percepção de que queria ser vista como um exemplo de pessoa na rede social. “Ninguém conta qual é o segredo para você ter reconhecimento”. Portanto, primeiro deve conquistar a própria bolha, depois os grupos que ela está inserida, aí a própria cidade, Região, país e o mundo.

Eu já conquistei a minha bolha e estou buscando os grupos, sem falar que ainda tem algo a mais, os quase 200 mil habitantes de Guarapuava. Não deve-se colocar em um lugar que você não existe, as pessoas gostam de ver o que elas vivem e experimentam. Então, fazer isso é um fator para alguém que quer ser reconhecido. As pessoas gostam de animais, de ver as cerejeiras no lago, frequentar barzinhos no Centro.

Mesmo assim, a criadora de conteúdo afirma sentir medo em relação a omissão. “Sinto medo de pensar na exclusão das pessoas em relação a mim. Mas ainda bem que estou crescendo a minha rede de influência de uma forma totalmente orgânica”.

MOTIVAÇÃO

O que a motivou foi a reação dos internautas em relação às fotos artísticas. “Na época, eram muito mais explícitas e chocantes, todas totalmente arquitetadas na minha cabeça. Assim, me fazendo ter um traço que eu jamais conheci em alguém.”

Porém, só aquilo não agregava material suficiente, ela demorava muito tempo para produzir uma foto se quer e não havia nicho específico. “Eu passei pelos meus processos pessoais e cheguei em conclusões, que deveria me adaptar em ter fotos mais orgânicas, menos elaboradas e metafóricas, que eu deveria lembrar as pessoas de mim, por isso eu uso rosa como uma marca registrada de quem é Julia Be”.

Dessa maneira, ela teve que aceitar que as coisas são mais mecânicas, passando a saber vestir o que as pessoas gostam. “Literalmente uma gueixa, exalar a arte como se fosse um perfume, algo natural que vem da beleza, gestos e atitudes”.

Julia Be nas cerejeiras (Imagem: Arquivo Pessoal)

Hoje eu saio na rua, pessoas falam que me viram, vou nas festas e pessoas vem me cumprimentar falando que me acompanham, é assim que eu sei que estou dando certo. Pretendo me manter assim pra sempre. Vivo pelas pessoas, quero manter esse relacionamento, quero dar voz para que eu seja ouvida.

Atualmente, Julia busca o que agrega crescimento, não valendo fazer um trabalho que não corresponde com o que ela gosta de fazer, com o estilo de produzir ou conversando com as pessoas e desenvolvendo algo mais social e próximo.

“Rola o receio por eu ser uma pessoa trans, mas mesmo quem não entende me elogia, na minha página de plantas eu troco áudios a manhã toda com pessoas com mais de 40 anos. Na cabeça daqueles que pensam errado sobre o que eu sou, é simplesmente porque não me conhecem”.

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Jornalista

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