Na última quarta (21) estreou na Disney+ a mais nova série do universo cinematográfico da Marvel: ‘Invasão Secreta’. A produção narra os eventos que sucedem a invasão da Terra pelos Skrulls, seres alienígenas capazes de mudar de forma que se infiltraram no planeta. A controvérsia iniciou por conta da sequência de abertura da série, cuja produção fez uso de tecnologias de inteligência artificial (IA). A decisão do estúdio foi questionada por conta da qualidade do material, cujas imagens distorcidas foram consideradas ‘estranhas’ por parte dos espectadores.
Mas o principal ponto da discussão é a precarização da mão-de-obra envolvida na produção. O emprego de inteligência artificial em processos criativos e artísticos têm sido muito debatido e gerado um movimento acalorado entre os trabalhadores da indústria do entretenimento. Isso porque a tecnologia tem substituído por vezes equipes inteiras de ilustradoress, animadores e outros profissionais da área. A polêmica envolvendo o uso de IA’s ainda tem implicações éticas visto que muitas delas têm o banco de dados alimentado a partir de imagens produzidas por profissionais que não são consultados ou remunerados para isso.
A Marvel Studio se posicionou sobre o caso, justificando a decisão de usar a tecnologia justamente para causar a sensação de estranheza e desconforto, e assim, acentuar o clima de paranoia proposto pela narrativa. O estúdio responsável pela produção da sequência também se manifestou, afirmando que a ‘IA’ foi apenas uma das ferramentas usadas na produção, e que nenhum profissional perdeu o emprego por conta disso.
A comunidade artística, no entanto, não se convenceu, argumentando que o uso da tecnologia por uma empresa com a proporção da Marvel abre precedentes que reforçam perspectivas muito negativas sobre o futuro de uma área já desvalorizada.
TENDÊNCIA
O amadurecimento da discussão levantada pela produção da Marvel Studios é urgente e inevitável. Embora a incorporação de inteligência artificial em processos antes desempenhados por humanos com a finalidade de baratear custos e acelerar processos já seja uma realidade, o movimento cobrando a regulamentação dessas tecnologias é de extrema importância para que sejam desenvolvidas de forma ética, responsável e saudável.
(Texto: Fernando Wentz)