Na próxima sexta (30), Guarapuava escreve um novo capítulo na história cultural e educacional com a inauguração do maior teatro da Região Centro-Oeste do Paraná. O espaço, localizado no Campus da UTFPR, leva o nome de uma mulher que rompeu barreiras e pavimentou caminhos. Trata-se de Enedina Alves Marques, a primeira engenheira negra do Brasil.

Teatro UTFPR (Foto: Ascom/UTFPR Guarapuava)
A escolha do nome, conforme a diretoria do Campus Guarapuava, teve o aval do Conselho após consulta à comunidade acadêmica. E carrega um peso simbólico imenso num país onde o racismo estrutural ainda nega espaços de protagonismo. Por isso, nomear o novo teatro com o nome de Enedina é um gesto de reparação e reconhecimento histórico.
Filha de empregada doméstica, nascida em uma periferia de Curitiba, Enedina desafiou o Brasil dos anos 1940. Foi professora e diarista enquanto estudava para entrar no curso de Engenharia Civil da UFPR, onde se formou pioneiramente. Trabalhou em importantes obras do Paraná, como o Colégio Estadual e a usina Capivari-Cachoeira, mas só começou a ser reconhecida oficialmente após a morte, a partir de 2015.
UTFeMENINAS
A homenagem também dialoga com ações institucionais do campus, como o projeto de extensão UTFeMeninas. Conforme o projeto, o trabalho promove a presença feminina nas áreas de engenharia e tecnologia. No entanto, hoje, as mulheres representam apenas 26% dos estudantes da UTFPR, número que esse gesto simbólico ajuda a enfrentar.
Mais do que um nome em uma placa, o Teatro Enedina Alves Marques será um palco para a memória, para a luta por igualdade de oportunidades e para que meninas negras possam ver, com orgulho, uma mulher como elas brilhando na arquitetura da cidade.
“Quando a sociedade diz ‘isso não é para você’, Enedina responde: ‘é possível, você pode’”, resume a chefe de gabinete do campus, Moniely Campus. “Que essa mensagem ecoe em cada espetáculo, em cada aplauso”.
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