22/08/2023
Agronegócio

Mesmo em meio ao êxodo, tecnologia atrai jovens na agricultura

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Diego Canci

Todos os anos nos deparamos com estatísticas negativas, que mostram que a quantidade de pessoas que se dedica à agricultura no Brasil é cada vez menor. Em muitas regiões do país, como no Sul, por exemplo, os sensos demográficos mostram que ainda há muita gente trocando o campo pela cidade. A quantidade de jovens que assumem os negócios agrícolas da família também tem diminuído muito. Mas se na década de 1960, a mecanização foi a grande vilã, que obrigou muitos agricultores a deixar suas propriedades nos campos e ir para o meio urbano, hoje as grandes e tecnológicas máquinas agrícolas, ajudam no processo inverso, atraindo muita gente para as plantações. É claro que os investimentos, na maioria das vezes são muito grandes, mas que a tecnologia ajuda muito na produção rural, isso ninguém pode negar.

E apesar desse panorama negativo, quem acompanhou o WinterShow, que foi realizado na Fapa (Fundação Agrária de Pesquisa Agropecuária), no distrito guarapuavano de Entre Rios, nos dias 20, 21 e 22 de outubro, percebeu que o número de jovens por lá era muito grande. E isso tem uma explicação. O principal objetivo da feira, que é a maior do Brasil relacionada a cereais de inverno, é difundir a tecnologia para os produtores rurais, e os jovens anseiam por inovação. Esse acaba sendo um casamento perfeito, pois não há como negar, tecnologia é quase um sinônimo de juventude.


Muitos jovens estiveram no Winter Show 2015 promovido pela Agrária em Entre Rios (Foto/Lizi Dalenogari)

Em meio à palestras, oficinas e estandes, não foi difícil encontrar jovens agricultores com histórias bem diferentes, como Ricardo Leh, por exemplo. O guarapuavano de 28 anos é da quarta geração de uma família dedicada à agricultura. Ele também deixou a lavoura dos pais rumo à “cidade grande”, porém,ele tinha objetivos certeiros. “Eu me formei em agronomia pela Universidade Federal do Paraná, em Curitiba. Mas eu sempre quis continuar aqui, então foi uma forma de me especializar, mas sempre quis continuar na agricultura”, afirma. Mas Ricardo foi além. Buscando aprimorar ainda mais seus conhecimentos, o agricultor e agrônomo resolveu fazer um estágio fora do Brasil, em um país que também investe muito na tecnologia agrícola, que é uma área que ele gosta muito. “A tecnologia tirou muito a questão braçal que tinha antigamente, e é um campo novo que tem muito a crescer. Eu gosto muito dessa área, tanto que o estágio que fiz na Austrália, foi em agricultura de precisão, que tem tudo a ver com isso”, comenta.


Ricardo Leh sabe que o investimento contribui com o sucesso na lavoura (Foto/Lizi Dalenogari)
 

Como agrônomo, Ricardo explica que a tecnologia é também muito importante para uma das principais culturas de inverno da nossa região, a cevada. “A tecnologia ajuda muito nas culturas de inverno, principalmente na cevada, que é uma cultura muito suscetível a doenças. Ela se torna fundamental para uma boa aplicação e vemos isso nos resultados da colheita”, garante ele.

E se a tecnologia ajuda muito para quem já entende do assunto, imagina então para quem está plantando suas primeiras sementes. Foi o caso de Priscila Klein Schmitz, que precisou assumir a lavoura da família após a morte do avô. “Eu sou agricultora há seis anos. Eu me mudei para Curitiba e estudei comércio exterior e contábeis. Quando o meu avô faleceu não tinha ninguém para assumir (os negócios). Minha mãe é filha única e meu pai também já faleceu, sou só eu. Então eu assumi por isso”, conta. Ainda de acordo com Priscila, foi a tecnologia que fez com que ela conseguisse ter sucesso na área. No começo foi difícil porque não tinha ninguém que me ajudasse, mas a tecnologia ajudou muito, tanto que eu comecei a mudar tudo. Investi em máquinas, em GPS, equipamentos, e por isso que deu certo”.


Priscila conta que a tecnologia foi fundamental para seu sucesso na agricultura 

E se os jovens entendem muito bem que equipamentos modernos e otimizados são importantes, quem comercializa essas máquinas, também reconhece a importância da juventude na agricultura. Pelo menos, é o que diz Valmi Gazeta, administrador de vendas de uma empresa que também esteve no WinterShow. Ele conta que são os jovens que criam as demandas por aprimoramentos e que os resultados dos investimentos podem ser vistos na colheita. “É muito interessante. Não que os mais velhos não busquem novas alternativas, mas são poucos. Normalmente eles entendem a troca de um equipamento antigo por um mais moderno como um gasto desnecessário. Já o jovem não, ele entende que é um investimento e que os resultados vão gerar lucro lá na frente. Os jovens são antenados e valorizam muito a tecnologia no campo”, emenda.


WinterShow traz inovação e tecnologia à todos os que vistam a feira (Foto/Lizi Dalenogari)

Fato é que vivemos na “era da tecnologia” e assim como em todas as áreas, a agricultura também é influenciada por ela. Cada vez mais estudos estão sendo feitos para aprimorar técnicas e desenvolver maneiras de otimizar ainda mais a produção agrícola. É por isso que feiras como o WinterShow são importantes, porque mostram para os agricultores alternativas de melhorar a produção com investimentos rentáveis, que como vimos, já estão dando retornos positivos para todos aqueles que tem coragem de inovar. 

Cristina Esteche

Jornalista

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