Oficialmente, apenas dois casos de Zika vírus foram confirmados laboratorialmente pela Secretaria da Saúde do Paraná. Os pacientes são do município de São Miguel do Iguaçu, no Oeste do Estado. Eles foram diagnosticados no mês de maio e passam bem. Contudo, os profissionais da Secretaria Estadual da Saúde analisam a possibilidade de que esse número seja maior.
“Registramos um grande número de casos suspeitos de dengue que não se confirmaram e isso pode indicar a circulação da zika ou mesmo outras doenças com sintomas parecidos”, destaca a chefe do Centro Estadual de Vigilância Ambiental, Ivana Belmonte. No entanto, o Paraná não identificou até o momento casos de microcefalia em bebês relacionados com a doença.
Em relatório divulgado nesta semana, o Ministério da Saúde chama a atenção para a possibilidade de que os casos descartados como dengue no Paraná possam ser de zika vírus.
A dificuldade no diagnóstico e a forma silenciosa com que a doença se manifesta podem ter sido as principais causas da subnotificação, segundo o Ministério da Saúde. Para se confirmar a zika, é preciso coletar amostras de sangue do paciente suspeito até o 5º dia após o início dos sintomas.
Estudos internacionais apontam que cerca de 80% dos casos de zika não apresentam sintomas característicos da doença, como febre baixa, manchas vermelhas e coceira na pele, olhos vermelhos (sem coceira e sem secreção), dor muscular e nas articulações. “Por conta disso, muita gente não procura atendimento de saúde e se recupera em casa, sem a necessidade de internação ou tratamento mais especializado”, esclarece o diretor-geral da Secretaria da Saúde, Sezifredo Paz.
Assim como a dengue e a febre chikungunya, o zika vírus é transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, que já circula em 294 municípios do Paraná. Isso significa que 73% das cidades paranaenses correm o risco de registrar casos das três doenças. “Vivemos uma tríplice ameaça, o que ressalta a importância de se reforçar as ações de combate ao mosquito”, alertou a chefe do Centro Estadual de Vigilância Ambiental, Ivana Belmonte.
A preocupação com a zika se deve principalmente por causa da correlação entre o surto da doença e o aumento no número de casos de microcefalia na região nordeste. Até agora, já foram identificados 1.761 bebês com suspeita de microcefalia no país, distribuídos em 422 municípios de 14 unidades da federação.