22/08/2023
Brasil Saúde

Novas técnicas prometem reduzir a desconfortante queimação no estômago

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Da Redação

Antiácidos e remédios como omeprazol e pantoprazol, ou inibidores da bomba de prótons, são velhos conhecidos de quem sofre com a doença do refluxo. A chamada “queimação” atinge cerca de 10% a 20% da população brasileira e novos tratamentos têm sido desenvolvidos para melhorar os sintomas, que nem sempre são controlados apenas com os remédios ou cirurgia. A reversão da doença ainda é pouco provável, mas a redução dos danos ao esôfago, laringe, faringe e até no pulmão pode ser alcançada logo.

No ano passado, a Associação Norte-Americana para Endoscopia Gastrointestinal (ASGE) divulgou novas diretrizes sobre o uso de técnicas endoscópicas para o tratamento da doença. Dois procedimentos, ainda não realizados no Brasil, tiveram bons resultados.

O primeiro, conhecido por Stretta, dura menos de uma hora e pode ser feito em ambulatório. De acordo com o documento da ASGE, a técnica poderia aliviar os sintomas da doença do refluxo durante cerca de 10 anos, para a maioria dos pacientes.

“O procedimento é composto por um módulo de radiofrequência, fonte geradora de energia e um cateter. O objetivo é criar lesões térmicas no músculo do esfíncter esofágico inferior, responsável pelo relaxamento do esôfago que permite o refluxo. Com o calor, o músculo voltaria a funcionar de forma adequada, reduzindo os sintomas da doença”, explica José Caetano Marchesini, médico cirurgião do aparelho digestivo do Hospital Marcelino Champagnat.

O segundo procedimento é o TIF ou fundoplicadura transoral sem incisão. A solução cirúrgica corrige o defeito na válvula gastroesofágica, aquela que separa o esôfago do estômago e que permite o refluxo em alguns casos. Cerca de 67% dos pacientes que fizeram uso da técnica reduziram ou descontinuaram o uso dos remédios inibidores da bomba de prótons, como omeprazol. “O procedimento é mais efetivo que altas doses de terapia com inibidores da bomba de prótons na eliminação de regurgitação ou sintomas extra-esofágicos da doença do refluxo”, segundo o documento divulgado pela Associação Norte-americana.

As técnicas são voltadas apenas aos pacientes adultos, mulheres não gestantes, que não respondem bem a medicamentos, pacientes com esfíncter do esôfago hipotenso, ou que se recusam a permanecer em terapia farmacológica.

Para o futuro

Embora tenham bons resultados e estejam bem documentados em outros países, como nos Estados Unidos, a experiência global ainda é muito limitada para que esses tratamentos possam ser considerados “padrão”. Tanto o Consenso Brasileiro da Doença do Refluxo Gastroesofágico quanto o Colégio Americano de Gastroenterologia ainda não incluíram essas técnicas como diretrizes, segundo Joaquim Prado Moraes Filho, professor do departamento de gastroenterologia da Faculdade de Medicina da USP e presidente da Sociedade Brasileira de Motilidade Digestiva.

“Ao que tudo indica, o procedimento Stretta é seguro e, quando bem indicado, eficaz. O procedimento é pouco invasivo e pode vir a se tornar uma forma importante de tratamento. O TIF, por outro lado, necessita de mais estudos para endossá-lo”, explica Prado Moraes Filho.

 

 

Cristina Esteche

Jornalista

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