Mais de 520 mil crianças rohingyas instaladas em acampamentos de refugiados em Bangladesh estão em risco devido à chegada das chuvas relacionadas com a temporada de ciclones e monções, alertou nesta terça feira (16) o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).
“Centenas de milhares de crianças já vivem em condições horríveis e enfrentarão um risco ainda maior de doenças, inundações, deslizamentos de terra e mais deslocamentos”, disse o representante do Unicef em Bangladesh, Edouard Beigbeder, em um comunicado da organização.
Segundo a agência da ONU, os ciclones tropicais que todos os anos surgem entre março e julho, e setembro e dezembro, junto com as chuvas de monção previstas a partir de junho, ameaçam agravar as possibilidades de contrair cólera e malária.
Além disso, aumenta o risco de inundações e deslizamentos de terra, uma ameaça “direta” à vida dos menores, e que poderia danificar “severamente” as infraestruturas nos acampamentos.
Segundo o Grupo de Coordenação Intersetorial da ONU, cerca de 655 mil rohingyas chegaram a Bangladesh desde em agosto, e as autoridades calculam que mais de 300 mil membros desta comunidade estejam na zona antes do início da crise.
O atual êxodo de rohingyas começou com as operações militares de represália das forças de segurança birmanesas lançadas após os ataques, em 25 de agosto, do rebelde Exército de Salvação Rohingya de Arakan (ARSA) a 30 postos militares e policiais em Rakain.
A ONU e organizações defensoras dos direitos humanos denunciaram repetidas vezes que existem provas claras sobre violações dos direitos humanos nesta operação, e o Alto Comissariado dos Direitos Humanos da ONU qualificou os fatos de “limpeza étnica”, afirmando que há indícios de “genocídio”.
Os governos de Bangladesh e Mianmar anunciaram hoje que acordaram que o processo de repatriação de rohingyas refugiados será finalizado em dois anos, desde o momento em que começar o retorno dos membros desta minoria muçulmana.