22/08/2023
Cotidiano

Jovens “templários” celebram o Dia D neste domingo

Em 18 de março de 1314 falecia o herói mártir dos Cavaleiros Templários, Jacques DeMolay

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Integrantes da Ordem DeMolay arrecadaram ração para animais de rua em Guarapuava (Divulgação)

Integrantes do movimento DeMolay em Guarapuava celebram neste domingo (18) o Dia D, data da morte do francês Jacques DeMolay, herói mártir da Ordem. Atividades solidárias desenvolvidas em todo o país serão mostradas hoje.

Entrega de ração (Divulgação)

Em Guarapuava, a arrecadação e entrega de rações para cuidadores de animais de rua, cães e gatos, movimentou também membros da maçonaria, nesse sábado (17), já que a Ordem é ligada aos maçons. Foram arrecadados cinco mil quilos de alimentos e entregues na Colônia Jordãozinho e no distrito de Palmeirinha.

“Na Colônia, numa única casa encontramos 72 cães e na Palmeirinha outra pessoa tem 80 cães. Nunca vimos uma coisa dessas. Que situação dessas casas”, surpreendeu-se André Esteche Wichinhoski, que lidera o Capítulo.

Animais saciando a fome (Divulgação)

E é esse trabalho voluntário que o Capítulo Eugênio Mancuello prestará contas ao Conselho Superior neste domingo (18) pelas redes sociais.

A ORDEM

A Ordem DeMolay é uma sociedade de jovens meninos de 12 a 21 anos incompletos que tem por objetivo os princípios filosóficos, fraternais, iniciáticos e filantrópicos, inspirados na vida de Jacques DeMolay, membro da Ordem dos Cavaleiros Templários.

Esses princípios são baseados em virtudes como a fraternidade e o companheirismo, incentivando cada membro a trilhar seu caminho seguindo preceitos, que são considerados diferenciais na vida de um líder e determinantes para seu destino. Fundada nos Estados Unidos dia 24 de março de 1919 pelo maçom Frank Sherman Land, é patrocinada e mantida pela Maçonaria oficialmente desde 1921.

De acordo com André, a Ordem DeMolay possui cerca de quatro milhões de membros em todo o mundo e mais de 200 mil no Brasil. O DeMolay que completa 21 anos de idade, é denominado Sênior DeMolay e passa a acompanhar os trabalhos do Capítulo sem exercer cargos.

A VIDA DE JACQUES DEMOLAY

Jacques DeMolay (Reprodução)

Nascido no ano de 1244 em Vitrey, na França, Jacques DeMolay pautou a sua existência em princípios éticos que distinguiam dos demais e que realçavam a sua inteligência, educação e as habilidades inerentes para a prática do bem.

Já aos 21 anos, ingressa na Ordem dos Cavaleiros Templários, entidade sancionada e reconhecida pelo Papa e pelo seu Conselho da Igreja, e cuja finalidade era vigiar a estrada entre Jerusalém e Acro, o porto de Jerusalém no Mediterrâneo.

Imensamente popular, já que apoiada pela Igreja, a Ordem dos Cavaleiros Templários, cuja denominação original era “Pobres Soldados de Cristo”, destacava-se pela abundância de recursos, ricas propriedades e, em conseqüência, atraia filhos de nobres e príncipes, notadamente da Inglaterra, França, Espanha e Alemanha.

Brazão (Reprodução)

A valentia dos seus integrantes angariava a simpatia de todos que acompanhavam as numerosas cruzadas, através das quais consolidavam o nome da Ordem, reconhecida sempre pelo heroísmo. Jacques DeMolay estava presente nessas ações, destacando-se pelos princípios abraçados.

Em 1298 era eleito Grão Mestre, assumindo o cargo que o colocava, em muitas das vezes, acima dos grandes lordes e príncipes. Todavia, a situação para cristandade no Oriente não era boa. Os infiéis sarracenos haviam conquistado os Cavaleiros da Cruzada e capturados a Antíoqua, Tripoli, Jerusalém e Acro. Para enfrenta-los, restavam apenas os Cavaleiros Templários e os Hospitaleiros. Debilitados pelos problemas que afetavam a cristandade, os Templários não demonstravam mais o vigor de outrora e se estabeleceram em Chipre na esperança de uma nova Cruzada. As esperanças de auxílio europeu foram frustradas, a dura realidade mostrou a sua face: o espírito das Cruzadas havia se extinguido.

A Inquisição (Reprodução)

Os Templários despertavam o desejo de guerra com os inimigos poderosos e, já sem ajuda popular, despertaram a cobiça de Felipe, o Belo, Rei da França, que almejava uma união para assumir o controle total do poder. Sem sucesso, Felipe reconheceu que deveria destruir as Ordens e conseqüentemente evitar o aumento do poder do Sumo Pontificado. Investiu com regulamentos secretos para aprisionar todos os Templários. DeMolay e centenas de outros Templários foram presos e atirados em calabouços. Começando um período que prolongaria por sete longos anos de celas úmidas, frias e torturas desumanas. Não bastassem os cruéis castigos, o Rei Felipe consegue ainda que o Papa Clemente apoiasse a condenação da Ordem e promoveu a transferência das suas propriedades e riquezas para outros donos. Na pior das suas investidas, Felipe insistia na traição de Jacques DeMolay aos seus companheiros. Este, apesar do cavalete e de suas outras torturas, não cedeu.

Felipe, o Belo (Reprodução)

Em vão resistiu Jacques DeMolay, fiel aos seus princípios que o haviam levado ao comando da Ordem. Uma confissão forjada o levou a condenação. Sua negativa ante a sentença proferida. Segundo os costumes da época, deveria ser punido a morte. Era o que desejava o rei Felipe, que não obstante a disposição da comissão julgadora pelo adiamento de decisão, ordenou que os prisioneiros fossem queimados naquela tarde. Assim quando os sinos da catedral de Notre Dame de Paris tocavam ao anoitecer do dia 18 de março de 1314, Jacques DeMolay era queimado vivo no pelourinho, numa pequena ilha do Rio Sena. Ao relembrar-nos este episódio o faremos na certeza de que apesar do corpo de Jacques DeMolay ter tombado naquele dia, o espírito e as virtudes desse homem, para que a Ordem DeMolay foi denominada, viverão para sempre.

Cristina Esteche

Jornalista

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