*Reportagem com vídeo
Uma live beneficente do cantor Léo Xavier virou caso de polícia no fim de semana em Guarapuava. Isso porque diversas denúncias de perturbação de sossego levaram uma equipe policial até o local onde ocorria a transmissão. De acordo com a PM, no local havia mais de 50 pessoas em uma festa, e conforme a PM estavam desrespeitando as regras impostas pelas autoridades de saúde. Convidados disseram que eram “advogados e ricos”.
A atração terminou com seis pessoas detidas. Ainda conforme a Polícia Militar, na 14ª SDP, com a chegada do delegado de plantão, ele informou que existe um entendimento de que não se acumula pena, por isso, não faria o flagrante e que seria confeccionado apenas um termo circunstanciado. Assim, os jovens foram liberados.
Ao final da transmissão de mais de 3h30 de duração – como pode ser visto no vídeo abaixo -, Léo fala “o pessoal que está assistindo a live, não tem ideia do que está acontecendo aqui, a polícia está aqui na frente achando que estamos fazendo uma suruba, mas na verdade estamos somente tocando uma viola, como se fossem 22h. É por causa do corona”.
Depois disso, as imagens são cortadas e é possível apenas ouvir o áudio da transmissão. Léo é informado de que a polícia mandou encerrar a apresentação. Ele pergunta se pode fazer a ‘finaleira’. Ao voltar a imagem, ele agradece quem acompanhou a live e brinca pedindo que o cinegrafista filme a polícia.
ASSISTA O VÍDEO
NOTA OFICIAL
A Polícia Militar de Guarapuava divulgou uma nota oficial sobre o caso no fim da tarde de ontem (18), onde informou que o plantão da PM recebeu diversas solicitações relacionadas a perturbação do sossego e reiterou a versão apresentada sobre o caso. Confira a Nota na íntegra.
“Em data de 16 de maio de 2020, a partir de 18h15 a Polícia Militar recebeu pelo telefone 190 diversas solicitações relacionadas a perturbação do sossego. Ao chegar no local, a equipe da Rádio Patrulha deparou-se com evento festivo live de um cantor) com diversos equipamentos de som em volume extremamente alto, incorrendo na contravenção penal de perturbação do sossego (art. 42 da LCP). Ademais havia aglomeração de cerca de cinquenta pessoas, as quais não utilizavam máscaras, infringindo medida sanitária preventiva (art. 268 do Código Penal).
A equipe policial realizou orientações no local, solicitou que os equipamentos fossem desligados e o evento encerrado a fim de cessar a perturbação a vizinhança. Os indivíduos que se apresentaram como responsáveis pelo evento mostraram-se bastante alterados, agressivos e visivelmente embriagados e não acataram as orientações. Informaram, inclusive, que possuíam autorização da prefeitura para realizar tal evento.
Logo após a situação, a Polícia Militar entrou em contato com a prefeitura, a qual negou qualquer tipo de autorização para eventos desta natureza. Os responsáveis pelo evento também citaram nomes de autoridades do Poder Executivo Municipal, disseram que eram advogados, agrediram o Oficial Coordenador do Policiamento da Unidade, investiram com violência física e verbal contra as equipes policiais, incorrendo em resistência e desacato, além de chutar de forma descontrolada o camburão da viatura policial, patrimônio do Estado do Paraná e de toda a sociedade. Ao chegar na delegacia o desacato também foi dirigido aos policiais civis e ao delegado de plantão.
A Polícia Militar do Paraná, por meio da Comunicação Social do 16º BPM, esclarece que as equipes policiais prestaram o devido atendimento a ocorrência, ressalta que o COPOM recebeu diversas solicitações acerca do fato em questão e agiu dentro da legalidade. Além disso, reforça que vivemos em sociedade, e esta é regida por regras, as quais impõem limitações. E como instituição defensora dos direitos dos cidadãos, mantenedora da lei e da ordem, a Polícia Militar está disponível nas 24 horas do dia, todos os dias da semana por meio do telefone 190 a fim de garantir a ordem social”.
PREFEITURA
Já a Secretaria de Comunicação da Prefeitura de Guarapuava, afirmou que em concordância com o trecho do Decreto Municipal nº 7904, de 24 de abril de 2020, “permanece suspensa a realização de eventos de natureza *pública ou privada*, como assembleias, formaturas, shows, baladas, competições esportivas, campeonatos, entre outros, que estimulem a aglomeração de pessoas”, não apoia este tipo de atividade.
A Secretaria de Comunicação reiterou que, “neste momento de pandemia, nada justifica a aglomeração. Todos devem zelar pelas medidas de proteção, independente do objetivo do evento”.
LÉO XAVIER
Entretanto, Léo Xavier foi procurado pelo Portal RSN para se pronunciar sobre o ocorrido. Léo, divulgou uma nota oficial. Confira na íntegra:
“Eu Léo Xavier, sou cantor, e em razão da pandemia do coronavírus promovi uma live beneficente para arrecadar fundos para o projeto Vidas por Vidas de Guarapuava. Nos mesmos moldes que todos os artistas vêm realizando.
A live iniciou-se as 15h e seria encerrada as 19h, porém foi interrompida às 18h35 pela Polícia Militar, afirmando que estava ocorrendo perturbação do sossego.
Todos os vizinhos em torno estavam cientes da realização da live, inclusive estavam assistindo de suas casas. Não sabemos de onde partiu a denúncia, o que sabemos é que foi uma denúncia maldosa e sem qualquer nexo para intervenção policial, pois efetivamente não havia barulho excessivo que pudesse perturbar o sossego alheio.
Para quem quiser ver, a live está toda disponível em meu canal do Youtube @leoxavier, onde em alguns momentos o câmera acaba filmando as pessoas que estavam no local, e como pode-se ver que o número de pessoas presentes era em torno de 20 pessoas (contando com equipe de produção, banda e moradores do residencial).
A live aconteceu em um residencial, onde existem 7 quitinetes, e atualmente residem 6 famílias, todos ficaram assistindo a live em frente de suas quitinetes, sem qualquer tipo de aglomeração. O que sim, com a chegada da polícia em 5 viaturas, muitos vizinhos que moram na rua saíram de suas casas assustados, situação está que causou tumulto e aglomeração de pessoas, mas na rua, jamais dentro do residencial.
Vale informar que a polícia chegou querendo adentrar ao locar e apreender os equipamentos sem antes solicitar para abaixar o volume ou encerrarmos a live, o que assustou os moradores do local, inclusive crianças e vizinhos que residem em frente. De fato dois advogados estavam acompanhando a live, pois um deles era patrocinador, e este saiu primeiro para conversar com o policiais.
Como se comprova pela gravação da live eu não acompanhei o início da chegada da polícia, não sei se houve desacato por parte dos advogados, mas fui informado posteriormente que os ânimos se exaltaram de ambos os lados. Quanto a minha pessoa, assim que me apresentei a polícia como cantor e responsável pela live simplesmente fui preso, sem poder dar qualquer explicação.
Tenho consciência de que não desrespeitei o decreto municipal, muito menos as autoridades policiais. Apesar de toda a situação estou muito feliz em ter realizado a live, e poder ajudar aqueles que mais precisam. A live está disponível no meu canal do YouTube na íntegra”.
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