22/08/2023


Brasileiro descobre estrela que gira a 5 milhões de km/h

Estrela anã branca leva 29,6 segundos para dar volta ao redor de si, o que a Terra demora 24 horas para fazer, segundo o brasileiro

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Brasileiro descobre estrela que gira a 5 milhões de km/h (Foto: Agência Brasil)

Uma equipe de pesquisadores liderados por um brasileiro descobriu uma estrela do tipo anã branca. Ela precisa de apenas 29,6 segundos para completar um giro ao redor de si, o que a Terra demora 24 horas para fazer. Até então, o período de rotação mais curto já identificado entre estrelas do tipo era de 33 segundos.

De acordo com a Agência Brasil, a estrela tem uma massa similar a do Sol e volume equivalente ao da Terra, o que faz dela uma estrela “extremamente densa”. Conforme a pesquisa, ela tem, como vizinha, uma outra estrela, de massa ligeiramente maior, da qual captura matéria. Assim, juntas, formam o sistema binário CTCVJ2056-3014, movendo-se uma ao redor da outra, em formato e distância similares ao da Lua em relação à Terra.

De acordo com o professor Raimundo Lopes de Oliveira, líder da pesquisa, em entrevista a Agência Brasil, para se ter uma ideia do quão rápido é o giro dessa estrela, basta compará-lo ao do nosso planeta. Se o planeta em sua região central (linha do Equador) move-se a uma velocidade de 1.670 quilômetros por hora (km/h) essa estrela gira a uma velocidade próxima a 5 milhões km/h.

Segundo o professor do Departamento de Física da Universidade Federal de Sergipe (UFS) e do Observatório Nacional (ON), a pesquisa foi publicada este mês na revista The Astrophysical Journal Letters.

Enquanto a Terra dá um giro completo em 24 horas, que é o que chamamos de dia, essa estrela dá quase 3000 giros”, explica o físico da UFS e do ON. Segundo ele, poucas estrelas do tipo anã branca já identificadas têm um período de rotação inferior a 100 segundos. “Geralmente a rotação dura de minutos a horas quando em sistemas binários. No caso de estrelas isoladas, costuma levar dias para completar a volta ao redor do próprio eixo.

Além do giro em alta velocidade, a estrela anã branca possui outras peculiaridades. Seu campo magnético é mais baixo do que estrelas em sistemas similares, ainda que seja 1 milhão de vezes maior do que o campo magnético da Terra. É também interessante o fato de ter luminosidade em raio-x mais baixa do que o normal para esse tipo de sistema.

ESTUDO APROFUNDADO

Conforme o professor Lopes de Oliveira, essa descoberta permite estudar a Física em seu extremo . ˜Isso porque esse sistema nos possibilita ter um laboratório de estudo sob condições que não temos aqui em nosso planeta”. Ele se refere às pesquisas que virão a partir do estudo sobre a interação de matéria com campo magnético em grande velocidade.

Segundo ele, tais estudos poderão avançar os conhecimentos humanos em áreas básicas como interação de partículas com carga e campos magnéticos. Além de processos que envolvem fusão nuclear.

Poderemos ver como a matéria reage em determinadas situações, e o que é produzido a partir de determinadas circunstâncias. Além disso, ao estudar uma estrela anã branca, estamos estudando o futuro do nosso Sol. Estudando o fim, podemos entender melhor a evolução como um todo.

Apesar de estar localizada a apenas 850 anos luz de nosso sistema solar – distância considerada pequena nas escalas astronômicas – nenhum telescópio atual consegue ver as duas estrelas deste sistema separadas. Apenas o brilho combinado de ambas.

Conforme o professor, a descoberta só foi possível por meio de observações em raio-x, feitas com a ajuda do telescópio espacial XMM-Newton, da Agência Espacial Europeia (ESA). Assim, o estudo foi complementado por observações feitas a partir do telescópio Zeiss do Observatório do Pico dos Dias(OPD), localizado em Minas Gerais e gerenciado pelo Laboratório Nacional de Astrofísica.

PARTICIPANTES

Além de Lopes de Oliveira, participaram do estudo Albert Bruch, do Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA); Claudia Vilega Rodrigues, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE); Alexandre Soares de Oliveira, da Universidade do Vale do Paraíba (Univap); e Koji Mukai, da Nasa (a agência espacial norte-americana) e da Universidade de Maryland Baltimore County, nos Estados Unidos.

Cliquei aqui para conferir o artigo científico  na íntegra.

Cristina Esteche

Jornalista

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