22/08/2023
Saúde

Família luta para que portador de doença mental continue o tratamento em casa

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Há cerca de 60 dias a luta que vinha sendo travada pela família Bemben há sete anos teve a sua maior vitória. O jovem Tadeu, 24 anos, filho mais velho de Vera e de Sandres Bebem, deixou a psiquiatria onde vivia há 3,6 anos e por ordem judicial recebe tratamento domiciliar. Ele é portador de esquizofrenia paranóide e em 2008 estava prestes a ser encaminhado para o manicômio judicial a partir de denúncia feita pelo Ministério Público após agressões de Tadeu contra duas pessoas na ala psiquiátrica do Hospital Santa Tereza em Guarapuava. Começava então uma nova batalha da família para impedir que isso acontecesse. Várias audiências foram realizadas até a decisão proferida pela juíza Christine K. Bittencourt.
Tadeu foi liberado, mas precisa ter o acompanhamento de uma equipe mutidisciplinar composta por sete enfermeiros que se revezam diuturnamente, psicóloga, assistente social, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, além do psiquiatra responsável pelo paciente, no caso, o médico Sergio Osany Vieira. Dessa equipe, porém, apenas os técnicos em enfermagem prestam a assistência necessária e alguns estão desistindo por falta de pagamento.
Responsável pela manutenção do tratamento do jovem, a Fundação Copel, segundo a família de Tadeu, cortou o benefício. Por conta disse, Tadeu está deixando de tomar os medicamentos necessários. Dos 16 remédios diários prescritos, mais os necessários quando há crises, o paciente está recebendo apenas aqueles cedidos pela 5° Regional de Saúde e pelo Programa de Saúde Mental (Prosam), do Governo Federal em convênio com o Município. O custo mensal para a Fundação hoje é de R$ 7,8 mil. “Quando meu filho estava internado na psiquiatria o custo era R$ 10 a R$ 12 mil”, diz Vera.
Essa condição está comprometendo o tratamento de Tadeu. Mesmo assim, as crises agressivas, reduziram em 50% desde que ele deixou o hospital.
“Tive apenas uma crise forte porque o troca-troca de enfermeiros me provoca ansiedade, me confunde a cabeça”, disse à RSN. De acordo com um dos enfermeiros que cuida de Tadeu, as crises reduziram em 70%. “Ele só tem crises de ansiedade, não há mais agressão. A ansiedade surge pela falta do medicamento necessário que não poderia ser interrompido”, disse o técnico.
Apesar dessa situação, Tadeu disse que está feliz. “Estou fora da quatro paredes que se tornaram a minha prisão. Estou com a minha família, toco violão, converso com as pessoas, saio na frente de casa, na rua. Já fiz lanche no supermercado, entro em lojas e até estou paquerando”, conta.
Para cuidar do filho, Vera deixou o trabalho. O esposo Andrés também é doente. Ele é funcionário aposentado da Copel por invalidez. “Tento contato para reclamar meus direitos, e o principal é o tratamento do Tadeu, e me respondem que não faço mais parte da Fundação. A minha contribuição vinha sendo descontada mensalmente, mas, de repente, parou”, reclama. Há duas semanas, a RSN tenta contato com a Fundação, mas ninguém quer se posicionar sobre o assunto.

RESIDÊNCIA TERAPÊUTICA
Para cuidar do filho e ainda estender o atendimento a outros portadores de doenças mentais, Vera Bemben está trabalhando num projeto que visa transformar a sua casa numa residência terapêutica com capacidade para atender até oito pacientes.
Para que isso aconteça, será preciso a aprovação da Câmara Municipal de Vereadores de Guarapuava e pelo Governo do Estado. A residência será administrada pelo filho mais novo do casal, Sandres, e terá como responsável o psiquiatra Sergio Osany Vieira, de acordo com informações de Vera.
“Vamos ampliar a casa e queremos que entre me funcionamento o mais breve possível”, diz.

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Cristina Esteche

Jornalista

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