Hoje em dia poucas pessoas conhecem peculiaridades que fazem parte da história de Guarapuava. São fatos e pessoas que continuaram fazendo parte do cotidiano. Entretanto, se mantêm dentro de uma bolha onde convivem entre contemporâneos. Porém, na maioria das vezes, coisas pitorescas acabam sendo sepultadas quando um deles se vai.
Parte dessa história envolve um dos mais tradicionais artesãos em couro de Guarapuava. Quem conhece a cidade de tempos idos sabe que ali, atrás da Matriz de Santa Terezinha, Antonio Rocha, o Totó, era dono de um ponto de encontro de tradicionalistas. Era ali que todas as manhãs, tão logo o galo cantava, a chaleira começava a chiar para o chimarrão de erva boa. Enquanto ele tecia o couro dando forma ao mais tradicional arreio AA, a cuia passava de mão em mão.
Entretanto, Totó partiu para outros pampas no último domingo (13). Junto com ele morre a técnica que passou por quatro gerações. De acordo com o empresário rural Ernani Lustosa, o ‘arreio guarapuavano’ começou a ser feito por Angelim de Almeida. Por isso, ficou conhecido como ‘arreio AA’. “Isso foi lá entre 1850 e 1900”. Depois, o ofício passou para Trajano Pio, e em seguida para Osvaldo Padleski. Finalmente, segundo Ernani Lustosa, parou com o Totó. “Essa técnica já passa de 100 anos”.
CONHECIDO PELO BRASIL AFORA
Conforme Ernani Lustosa, esse apetrecho, “muito apropriado para mulas, já que pra cavalo não é tão bão [sic] assim” é conhecido nacionalmente. “Eu estava bem aperado lá pelo Tocantins quando um senhor me perguntou se aquele arreio era o guarapuavano. Eu disse que sim. Ele me contou que é dono de fazenda em Paranavaí e que é amigo dos Caldas de Guarapuava e do Pinhão. E que aquele era o melhor arreio que já tinha visto”.
Entretanto, segundo o tradicionalista que promove uma das maiores tropeadas da Região, a modernidade trouxe outras opções. “Há montarias mais modernas, própria para cavalos”. Mas ele lamenta que parte da história artesanal de Guarapuava se acabou quando as mãos de Totó se juntaram para outra passagem.
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