22/08/2023
Agronegócio

Geadas não afetam produção de trigo na região de Guarapuava

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Enquanto em outras regiões do Paraná os produtores estão contabilizando perdas de cerca de 10% na produção de trigo, devido às fortes geadas dos dias 27 e 28 de junho, em Guarapuava o clima frio não afetou a cultura. De acordo com o engenheiro agrônomo Adalberto Ragugneti, da Coamo, entre 20 e 25% do total da área na região de Guarapuava foi plantada até o momento. “Essas plantas estão em fase de perfilhamento e não estavam suscetíveis às geadas da semana passada”, explica o engenheiro.
Ragugneti destacou ainda que esta semana está sendo considerada a fase de pico no plantio de trigo na região. “Desta semana até o dia 20 de julho a fase de plantio deve estar concluída”, diz.
 
Geada do tarde
 
O engenheiro informou ainda que o temor dos triticultores da região de Guarapuava é com a “geada do tarde”. “A fase crítica para o trigo que está sendo plantado agora ocorre nos meses de agosto e setembro. Se ocorrer uma geada do tarde a produtividade pode ser afetada diretamente e podem ocorrer perdas significativas”, acrescenta Ragugneti.
 
No Paraná
 
As duas geadas da semana passada e a estiagem de maio provocaram estrago avaliado em R$ 1,2 bilhão no milho e no trigo no Paraná, conforme levantamento divulgado ontem (06) pelo Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab). Os dados não incluem as geadas desta semana e são preliminares (podem ter ajustes). Se consideradas todas as culturas, as perdas, concentradas nas regiões Oeste e Norte, podem passar de R$ 2 bilhões, avaliam técnicos e produtores.

O maior prejuízo foi verificado no milho. As cotações em alta estimularam aumento de 27% no plantio, que somou 1,7 milhão de hectares. Mas a previsão de colheita teve de ser reduzida de 8,12 milhões para 5,31 milhões de toneladas, com perda de 34,6% – sendo 8,4 pontos atribuídos à falta de chuva e 26,2 à geada. A diferença é de 2,81 milhões de toneladas ou 46,8 milhões de sacas, que poderiam render R$ 1,11 bilhão aos produtores.

O trigo paranaense, que teve área reduzida em 12% (para 1,02 milhão de hectares), renderia 2,86 milhões de toneladas, mas deve se limitar a 2,61 milhões. Houve quebra de 8,7%. São 2 pontos da seca e o restante das geadas. As 250 mil toneladas que deixarão de ser colhidas poderiam render R$ 111 milhões, estima o Deral.

Desde que a notícia da quebra provocada pelas geadas se espalhou, há uma semana, as cotações subiram 0,74% e 1,37%, respectivamente, no Estado. O milho estava cotado ontem a R$ 23,94 (saca de 60 quilos), valor 83% superior ao de julho do ano passado, enquanto o trigo alcançava R$ 26,73, com alta de 20,25% em um ano.
No trigo, ocorre o inverso: quanto mais adiantada a plantação, maior o prejuízo. Mesmo assim, nos Campos Gerais, onde a lavoura tem apenas entre 30 e 40 dias, as perdas se aproximam de 10%, segundo os produtores.
 

Cristina Esteche

Jornalista

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