22/08/2023
Economia Em Alta

Alckmin acolhe apelo do Paraná contra ‘tarifaço’ de Trump

Lideranças, incluindo o prefeito de Bituruna, Rodrigo Rossoni, relatam a Alckmin a ameaça de 6 mil demissões na indústria paranaense

Vice-presidente Geraldo Alckmin (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

A crise desencadeada pelo ‘tarifaço’ imposto pelo presidente dos EUA, Donald Trump, sobre o setor madeireiro pautou audiência com vice-presidente Geraldo Alckmi em Brasília. O encontro online articulado pelo deputado federal Zeca Dirceu (PT), nesta quarta (1º), teve lideranças de 40 empresas. Empresários e políticos dos setores madeireiro e moveleiro do Paraná, apresentaram o cenário de demissões em massa e paralisação das atividades.

O encontro, que reuniu prefeitos da região Sul, como Rodrigo Rossoni (PSDB) de Bituruna e Mário Cezar (PT) de São João do Triunfo, buscou medidas urgentes. O pedido feito ao Governo Federal objetiva  socorrer as indústrias que sofrem com a sobretaxa.

Rodrigo Rossoni (Foto: Arquivo/RSN)

De acordo com Rossoni e Cezar indicadores da crise mostram queda na renda familiar e ameaça a milhares de empregos. Em Bituruna, município de pouco mais de 15 mil habitantes, 87% da economia depende  dos setores afetados.

Paulo Roberto Pupo (Foto: reprodução/redes sociais)

Paulo Roberto Pupo, da Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente (ABIMCI), do município de Imbituva, dá um panorama. Conforme ele disse, nos próximos dias, estão previstas de quatro a seis mil demissões na área. Ele também expôs o que chamou de “cena dramática” de se ver na região.

São empresas vazias, com apenas duas pessoas trabalhando e os demais em férias coletivas, sem a perspectiva de retornarem a seus postos por conta da crise.

O empresário Guilherme Ranssolin reforçou que a dificuldade logística é enorme. De acordo com o empresário, a produção, mesmo reduzida, não tem onde ser estocada, já que o mercado nacional não absorve o volume exportado. Isso gera uma crise logística, sem levar em consideração a concorrência doméstica.

Guilherme Ranssolin (Foto: reprodução/redes sociais)

Armando Giacomet, da Braspine Madeiras, do município de Jaguariaíva, lembrou a necessidade de se avaliar todas as possibilidades. Pois, conforme observou o empresário, os financiamentos são vinculados à empregabilidade. “É preciso vender para manter os funcionários em atividade no setor”.

Armando Giacometi (Foto: reprodução/ redes sociais)

NEGOCIAÇÕES E LINHAS DE SOCORRO

Durante a audiência, Alckmin manifestou apoio e otimismo, destacando avanços recentes nas negociações bilaterais. Ele citou a redução de tarifas em produtos como madeira macia e serrada (de 50% para 10%) e móveis (de 50% para 25%). Outros produtos, como celulose, já tiveram a isenção de taxação. Produto esse que representa cerca de 4% das exportações brasileiras. Além do ferro níquel e os herbicidas. Há expectativa de que conversas futuras entre os presidentes Lula e Trump possam resolver o impasse que afeta diretamente o setor.

Madeira macia e serrada, por exemplo, tiveram a taxação de 50% reduzida para 10%. Já móveis de madeira, estofados, armários de cozinha, lavabos, entre outros, foram citados entre os produtos que tiveram tarifas cortadas pela metade. Ou seja: de 50% para 25%. Dessa forma, ficando nos patamares das mesmas taxas praticadas por Trump junto aos demais países, com exceção das relações estabelecidas junto ao Reino Unido.

Zeca Dirceu e Geraldo Alckmin (Foto: Ascom/parlamentar)

Outra notícia que alivia a preocupação dos setores produtivos afetados diz respeito à expansão dos negócios brasileiros junto a outros mercados internacionais, como México e Emirados Árabes Unidos. Conforme Zeca Dirceu, alguns setores, algumas áreas da indústria brasileira que exportam para os Estados Unidos já tiveram tarifas retiradas.

É isso que a gente espera que aconteça com o setor da madeira processada mecanicamente, que gera entre 40 a 60 mil empregos no Paraná.

Além da frente diplomática, a comitiva agendou um encontro com o BNDES para os próximos dias. O grupo vai buscar informações aprofundadas sobre o Programa Brasil Soberano. Assim como do crédito do Reintegra e do Fundo Garantidor. Eles querem saber também sobre as oportunidades de acesso e as vantagens oferecidas pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e bancos públicos e privados para socorrer os setores mais prejudicados pelo tarifaço.

O fundo garantidor depende da aprovação do Congresso, porque não pode ser por Medida Provisória. Por isso, reafirmo o compromisso de acompanhar de perto essa questão.

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Cristina Esteche

Jornalista

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