22/08/2023
Agronegócio

Produtores de madeira debatem criação de cooperativa

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Debate sobre o estabelecimento de uma cooperativa de produtores de madeira de Guarapuava e região deu o tom da edição 2013 da reunião do 1º Módulo do Programa de Desenvolvimento Florestal. Com o tema “Mercado florestal, usos da madeira e financiamentos”, o encontro apresentou palestras dos agrônomos Pedro Francio Filho e Henrique Lopes Moino (ambos da Consultoria Unisafe), enfocando tópicos como mercado e perspectivas do setor florestal; linhas de financiamento florestal; utilidades gerais da madeira; e planejamento e cuidados com o plantio.

Francio Filho comentou que, na ponta do consumo da madeira, as empresas que adquirem o produto necessitam de qualidade, mas também da certeza de obter volumes com regularidade. Na ponta da produção, o segmento em si, conforme destacou, pode ser lucrativo e, ao mesmo tempo, respeitar a natureza. Para ambos os lados da cadeia produtiva, ele afirmou ver vantagem na criação de uma cooperativa de produtores, na região. Para o agrônomo, unidos, os agricultores teriam oferta suficiente para vender para grandes empresas e, por isso, não precisariam vender a produção a qualquer preço. “O setor (da madeira), como um todo, tem uma grande necessidade mercadológica dessa união. Saber como vai comercializar: se é para energia, cavaco, lenha ou a própria serraria. Tudo isso precisa ser direcionado de acordo com esta união”, observou. “A cooperativa de floresta, como experiência em outras regiões, tem dado um excelente resultado. Guarapuava é exemplo de cooperativismo. Por que não uma cooperativa, trazendo estas alternativas e viabilizando o produtor?”, declarou, levantando a questão. O agrônomo completou que haveria um “ganho geral” inclusive no momento dos produtores adquirirem seus insumos: “Adubo, hidrogel, a muda, ferramentas, tudo isso, quando é comprado em conjunto, você atinge escala e ganha no preço. Então, diminui o custo de produção e aumenta a garantia do mercado”.

Mas ele argumentou que, antes de se instituir alguma forma de associação, é necessário o setor, na região, ter uma ideia precisa de seu próprio tamanho: a área cultivada com florestas e os tipos de árvore plantados. “Se você não souber nem o quanto de madeira tem, como vai saber onde pode ir? É preciso mapear isso. Regionalmente. Começando pelo município de Guarapuava, partindo para a região, mapeando a quantidade de madeira que nós temos, para saber quantidade e qualidade”, argumentou, complementando que assim será possível também determinar quem seriam os compradores. “Nós temos um cluster regional em Guarapuava, Ponta Grossa, Telêmaco Borba. Estamos numa região favorável, próxima a rodovias, o que vem a facilitar o acesso”, sublinhou, considerando ser preciso reunir “todas as pontas” do setor.

Para um mapeamento, a mobilização do agricultor mais uma vez seria fundamental. Francio sugeriu que cada produtor rural presente ao evento informe ao Sindicato Rural de Guarapuava suas áreas de floresta e os tipos de árvore, incentivando vizinhos, que também sejam produtores de madeira, a fazer o mesmo. O agrônomo disse ainda acreditar que, se houver este engajamento, num prazo aproximado de seis meses, já seria possível ter uma imagem mais detalhada do segmento. Ao lado desse compromisso de prestar informações, ele recomendou que os produtores de madeira que estiveram no evento incentivem outros a participar dos demais encontros do segmento, como o 2º Módulo do Programa de Desenvolvimento Florestal, previsto para o dia 13 de junho (Tema: “Mecanização florestal – Todas as ferramentas e maquinário que aumentam a eficiência da mão-de-obra no campo”), ou o Dia de Campo Florestal, que, neste ano, terá lugar no dia 8 de outubro, segundo adiantou.

Ao falar sobre o evento, Henrique Lopes Moino contou que, desta vez, a reunião enfocou mais os temas ligados ao mercado, para que os produtores em geral e os associados ao sindicato pudessem entender melhor como funciona o setor. “Muitas vezes, o produtor fica atrelado às atividades da propriedade e se distancia um pouco desta questão mercadológica. Dessa maneira, a rentabilidade, que está diretamente relacionada ao mercado, fica menor, devido a detalhes que são deixados de lado no planejamento e na estruturação do projeto florestal”, analisou. Segundo afirmou, a questão técnica do plantio de árvores já foi bem explicada nas reuniões do programa nos últimos três anos e agora é o momento de apresentar a comercialização.

Quem durante a reunião se manifestou favorável a uma cooperativa foi a produtora rural Petronilha da Silva Nunes. Ela explicou sua opinião: “Porque aí o pequeno e o grande (produtor) vendem para uma indústria maior quantidade e pegam um preço melhor”. Revelando ter área de eucalipto com cinco anos de idade (ainda impróprio para o corte), a agricultora demonstrou a necessidade da cooperativa contando que, se hoje a madeira já estivesse pronta para a comercialização, não teria para quem vender. Comparando, ela disse considerar mais fácil a venda de erva-mate e admitiu que, na atual situação, pensa se continuará ou não com o plantio de florestas.

Outro participante do evento, João René Tobias Santos, funcionário de um grupo agropecuário da região onde desde 1999 existe produção de madeira, também defendeu durante o encontro a idéia de um levantamento do tamanho do setor na região. “Seria bom para a criação de uma cooperativa, para a gente se unir, ter condições de sustentar o mercado futuro”, avaliou.

No encontro, o secretário municipal de Agricultura de Guarapuava, Itacir Vezzaro, pediu a palavra e, num pronunciamento de alguns minutos, disse aos participantes que o município apoia o setor florestal. “Vejo que o setor de reflorestamento é uma alternativa muito importante de renda e de diversificação nas propriedades. O tempo passa e passa rápido. Quanto antes o produtor investir nessa atividade, antes ele vai ter o retorno. Por isso, nós parabenizamos o sindicato de buscar essa parceria com as empresas no sentido de viabilizar esse investimento”, comentou em entrevista.
Parceiros do Sindicato Rural no Programa de Desenvolvimento Florestal:
Boutin
Cooperativa Agrária
Golden Tree Reflorestadora
Santa Maria Cia de Papel e Celulose
Syngenta
Unicentro
Viveiros Pitol
Zico Motosserras

Cristina Esteche

Jornalista

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