Hora da mudança - RSN
22/08/2023
Esportes

Hora da mudança

Com o crescimento e destaque do futebol europeu, passamos a observar e colocar o futebol do velho continente como parâmetro, vitrine, modelo para o futebol brasileiro. Tentamos a todo o custo nos adequar a arbitragem européia, ao estilo de futebol deles, a forma de gerência dos clubes e até mesmo passamos a querer transformar o torcedor brasileiro em um torcedor europeu, através da imposição do tal do Padrão FIFA nos estádios.

É bem verdade que algumas coisas como: o calendário, questões de marketing, planejamento, e administração devem realmente ser levadas em conta pelos clubes brasileiros, já que os europeus são exemplos neste assunto. Contudo, certas coisas já estão enraizadas na nossa cultura futebolística e talvez não devam ser mudadas. É o caso dos técnicos de futebol.

Por algum tempo acreditei realmente que a nossa cultura de demitir treinadores fosse errada e o certo seria mantê-los no cargo independente das crises. Assim como eu, vários jornalistas e torcedores pensam desta forma e colocam Alex Ferguson, ex-técnico do Manchester United e que comandou o time por 27 anos, como um exemplo bem sucedido disso.

Porém há diferenças gritantes entre a escola inglesa de futebol e o esporte brasileiro. As crises enfrentadas por Ferguson não se comparam as que Tite,  Mano Menezes, Muricy,Dorival Júnior  e muitos outros treinadores enfrentarão e enfrentam. A forma como futebol é encarado por aqui por dirigentes e torcedores também é outro ponto.

No Brasil a pressão é muito maior em cima dos treinadores, e o equilíbrio entre os times faz com que os clubes caiam muito na tabela dos campeonatos, tornando a situação dos técnicos, por muitas vezes, insustentável.

A própria filosofia dos treinadores também é diferente e talvez, diferentemente da Europa, o técnico brasileiro realmente tenha prazo de validade.

Peguemos com exemplo o caso de Tite no Corinthians, campeão do mundo e da Libertadores pelo Timão e que deve cair logo,  apesar do esforço do grande currículo e do esforço da  diretoria em torná-lo um Ferguson.  A queda de Tite é completamente justificável e compreensível, afinal de contas a filosofia do técnico no Timão está saturada e o treinador parece não saber mais como comandar a equipe, deixando os torcedores enfurecidos com os resultados e com a forma de como o time atua.

Ou seja, o prazo de validade de Tite simplesmente expirou, e uma troca no comando é necessária e fundamental para a melhora da equipe.  Flamengo, com Jaime de Almeida, o Santos, com Claudinei de Oliveira, e o São Paulo com Muricy Ramalho são alguns exemplos atuais de trocas que surtiram efeito e que devem espelhar o Corinthians neste momento.

 Enfim a hora da mudança chegou para Tite e para o Timão.

Cristina Esteche

Jornalista

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