22/08/2023
Esportes

O pedreiro que virou empresário e o prédio que levou 22 anos para construir

imagem-83995

Cristina Esteche com foto de Lizi Dalenogari

A trajetória do empresário José Guilherme Haag, 66 anos, se funde ao crescimento de Guarapuava. Responsável pela construção de mais 100 obras  na cidade, para os poucos que conhecem a sua  história, é impossível olhar para muitos edifícios, casas e lojas, sem ver o trabalho do  Nene, como é conhecido um dos sócios do Tijolão e da Construtora Trianon. E para encerrar a carreira na construção civil, o pedreiro por vocação, “enche os olhos” para contemplar o Versailes, um edifício de 10 andares, 32 apartamentos, agora pronto, mas que levou 22 anos para ser construído.

Cidadão conceituado em Guarapuava, cidade que escolheu para viver e onde aportou em 13 de janeiro de 1968, vindo de Ponta Grossa, trazendo “uma malinha, uma caixa de ferramentas e uma esposa de 15 anos e grávida”, o jovem de 19 anos se transformou num empreendedor de sucesso.

“Em Guarapuava só não trabalha quem não quer. Basta ser honesto e trabalhador que a cidade oferece todas as oportunidades para você crescer. Quando saio e chego na cidade  parece que abre o coração”. 

Nene veio para reformar uma loja que existia em frente de onde hoje é o terminal Estação da Fonte, no centro. A primeira casa foi um espaço nos fundos da própria obra. “Com o primeiro salário ele comprou um colchão”, relembra o engenheiro civil Joaquim Bavaresco, com quem Nenê trabalhava e que anos mais tarde se tornou amigo e sócio, parceria que existe há 32 anos. “Depois comprei um sofá e já me sentia rico”, diz Nene. A primeira casa foi alugada de Américo Nascimento, no Bairro Santa Cruz. “Trinta anos depois construí um sobrado onde vivemos até hoje”.

Parceria que dura 32 anos

Nene, que já era sócio do seu pai na Construtora Haag, e com quem começou no ofício aos 13 anos de idade, barrando a vontade ser engenheiro civil, em 1988 aceitou o convite de Bavaresco e juntos criaram a Construtora Trianon. “Em 1992 o Joaquim lançou três edifícios: o Mônaco que foi vendido na terceira laje, o Toulon, que não saiu do papel e o Versailes, que levou 22 anos para ser concluído por questões financeiras”. Os apartamentos foram vendidos por 300 cruzeiros velhos e hoje os condôminos pagam apenas R$ 1,3 mil a prestação. “Quando começamos o Joaquim ainda tinha cabelos pretos”, diz Nene referindo-se aos cabelos brancos do “irmão” e sócio.  “Eu conheci o Nene quando eu era chefe das obras na estrada de ferro entre Curitiba e Ponta Grossa e a nossa parceria já dura 32 anos”, diz Joaquim.

Espírito empreendedor

O espírito empreendedor dos dois amigos não parou na Construtora Trianon. Em 1994 na área destinada à construção de um shopping, Joaquim e Nene fundaram o Tijolão, loja de revenda de materiais de construção que em novembro completou 20 anos. A sociedade conta também com Abrão Nasser.

Na loja a participação de Nenê também é fundamental. Responsável por compras, orçamentos e a área financeira, o profissional que cursou apenas até a terceira série do ensino primário, já foi cronogramas físico-financeiro para a Caixa Econômica Federal. “Faço todos os cálculos de cabeça e acho que devo isso ao vício da leitura. Quando era jovem tinha que ler pelos cinco gibis e revistas por dia. Acho que a leitura desenvolveu o meu raciocínio”.

Quando acaba de contar a sua história, após mostrar os detalhes de cada andar, já de volta ao portão de entrada do prédio que se ergue imponente no bairro Santa Cruz, Nene olha para o alto e  não esconde a realização. “Eu peguei  no barro desta obra, acompanhei tudo e agora o prédio está pronto. Eu nem acredito. Agora posso me aposentar”.

 

Cristina Esteche

Jornalista

Relacionadas

A missão da RSN é produzir informações e análises jornalísticas com credibilidade, transparência, qualidade e rapidez, seguindo princípios editoriais de independência, senso crítico, pluralismo e apartidarismo. Além disso, busca contribuir para fortalecer a democracia e conscientizar a cidadania.