22/08/2023


Cotidiano Educação Guarapuava

Aula inaugural de direito na FG debaterá feminicídio em Guarapuava

Morte de Tatiane Spitzner fomentou diversos atos e discussões sobre o tema no terceiro planalto

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(Foto: Divulgação)

A aula inaugural do curso de direito da Faculdade Guarapuava na noite desta terça feira (11) discutirá um tema bastante urgente e que tem centralizado diversas ações no terceiro planalto: o feminicídio. A necessidade social de discutir os crimes cometidos contra as mulheres ganhou ainda mais força nos últimos meses, nos quais a cidade e, também, todo o país, lamentaram a morte da advogada Tatiane Spitzner, ocorrida em 22 de julho. A guarapuavana morreu após sofrer uma queda da sacada do quarto andar do prédio onde residia com seu então marido Luís Felipe Manvailer. Nas investigações, imagens do circuito interno do prédio registraram o professor universitário agredindo Tatiane, de forma progressiva, por cerca de 20 minutos. Manvailer está preso na Penitenciária Industrial de Guarapuava (PIG) há mais de 50 dias. Ele é réu pela morte da esposa, sendo acusado, ainda, pelos crimes de fraude processual e cárcere privado.

Entenda:
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Na instituição, a aula inaugural terá início às 19h30 e contará com a presença da delegada da mulher de Guarapuava, Ana Carolina Hass de Miranda Castro. É ela quem debaterá o tema com os alunos do curso na instituição, abordando, além do feminicídio, questões sobre a Lei Maria da Penha, que completou 12 anos de existência no Brasil em 2018, seus reflexos sociais e jurídicos.

Ana Carolina está há quatro anos na Polícia Civil (Foto: Caio Budel/RSN)

Ana Carolina Hass de Miranda Castro assumiu a pasta no terceiro planalto em 6 de agosto, em um momento delicado, quando o município estava sob o olhar atento de todo o Brasil, devido a morte de Tatiane, ocorrido 15 dias antes de sua chegada. Neste caso, o inquérito foi conduzido pelo delegado Bruno Miranda.

A morte de Tatiane está sendo investigada e aguarda a emissão do laudo de necropsia, que indicará a causa de sua morte (Foto: Reprodução Facebook)

Ainda no cenário guarapuavano, números do ano passado, repassados recentemente pela Secretaria de Políticas Públicas para as Mulheres de Guarapuava ao Portal RSN revelaram que, somente em 2017, 472 mulheres foram amparadas pela Lei Maria da Penha no terceiro planalto. Dessas mulheres vítimas de violências, algumas foram atendidas pela Secretaria, outras seguiram processo e outras apenas registraram o boletim, não dando seguimento ao processo. Em toda a cidade, tal realidade, somada ao feminicídio de Tatiane, desencadeou diversos atos de luta, resistência e debate pelo fim da violência contra a mulher.

O problema social foi agente fomentador de um ato organizado pelos movimentos feministas guarapuavanos Coletivo Feminista Cláudia da Silva e pela Marcha Mundial das Mulheres-Núcleo Guarapuava. A iniciativa reuniu diversas pessoas no Parque do Lago, em 29 de julho, que levaram som, batuques e letras com gritos de ordem para efetivar a ação de resistência e luta no ato. Em 25 de agosto, uma caminhada organizada pelo Movimento Tod@s por Todas também evidenciou a luta, a indignação e a resistência contra os atos violentos e a cultura do machismo.

Cartazes foram colados no colégio ao final do Dia de Reflexão (Foto: Divulgação)

Além das ruas, o movimento social chegou, também, às escolas e instituições de ensino, em Guarapuava. Em 7 de agosto, a morte de Tatiane trouxe à tona o debate sobre violência contra mulher no Colégio Estadual Visconde de Guarapuava. O Dia da Reflexão discutiu indicativos de relacionamentos abusivos e a violência de gênero. O colégio onde o evento ocorreu fica a uma quadra de onde morreu Tatiane. No fechamento das palestras, durante a noite, foram colocados cartazes, produzidos pelos próprios alunos, para chamar a atenção da população sobre a temática.

Ainda com o intuito de fortalecer e instigar o debate sobre a violência contra a mulher e a cultura do machismo, o movimento Tod@s por Todas criou uma petição online que buscou criar uma lei de ensino preventivo de violência contra a mulher em Guarapuava. A iniciativa sugeria um programa nos mesmos modelos do Proerd. Após a divulgação da ideia pelo movimento, em 16 de agosto, a iniciativa foi validada pelo prefeito Cesar Silvestri Filho, que se comprometeu a instituir o programa.

Cristina Esteche

Jornalista

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