22/08/2023


Guarapuava Segurança

Laudo sobre morte de Tatiane aponta a possibilidade de queda sem impulso

Peritos sugerem abandono de corpo inerte ou, ainda, um desequilíbrio involuntário, como queda acidental. Laudo da necropsia ainda não foi divulgado

Um dos laudos faltantes no caso que investiga a morte da advogada Tatiane Spitzner foi entregue e anexado pelo Ministério Público (MP-PR) junto ao processo nessa quinta feira (30). No laudo pericial referente a reprodução simulada da queda de nível, os peritos realizaram uma simulação sobre a forma na qual Tatiane Spitzner teria sofrido a queda da sacada do quarto andar do apartamento onde residia com Luís Felipe Manvailer. De acordo com a apuração realizada pelos peritos responsáveis pelo laudo, duas sugestões são apontadas, delimitando ocorrências distintas. Uma delas refere-se a queda acidental. A segunda, considera abandono de corpo inerte.

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Laudo da necropsia ainda não foi divulgado (Foto: Reprodução Facebook)

De acordo com o documento anexado, no exame, três simulações foram realizadas, considerando o discurso apresentado pelo réu Luís Felipe Manvailer, preso há 41 dias, na Penitenciária Industrial de Guarapuava. Manvailer era casado com Tatiane, com quem discutiu e agrediu na noite de sua morte, em 22 de julho, momentos antes das câmeras de segurança do prédio registrarem sua queda. Em depoimento, ele nega o feminicídio e declarou que sua então esposa caiu da seguinte maneira:

‘Que ela tentou correr em direção a porta e foi impedida de seguir e depois correu sentido a sacada; que chorava muito; que ao ver ela correr em direção a sacada o interrogado tentou alcança-la mas não teve tempo e percebeu que estava já pendurada; que foi em direção a ela mas não teve tempo de segura-la antes da mesma se jogar; que se recorda que ela passou a proteção da sacada uma perna após a outra rapidamente e se pendurou e depois soltou-se; que na sequencia ela se jogou’.

Com base na simulação de queda realizada em 27 de julho, cinco dias após a morte de Tatiane, o laudo determina que “(…) não há elementos técnicos científicos capazes de determinar apenas um tipo de queda, uma vez que as variáveis físicas nos casos de precipitação de altura são diversas, inclusive pela distribuição de massa do corpo da vítima e outros elementos não mensuráveis como, por exemplo ocorrência de vento no momento do fato”.

Entretanto, a perícia consegue elucidar alguns pontos sobre o caso, com a perícia realizada. Segundo o documento, a altura da mureta da sacada, conforme análise dos peritos, “impossibilita a passagem para o lado externo de maneira ágil, contradizendo o depoente que declarou”. Além disso, a posição final da queda reafirma as duas possibilidades apontadas pelo laudo (desequilíbrio involuntário ou abandono de corpo inerte), contradizendo novamente a declaração de Manvailer sobre recordar-se “que ela passou a proteção da sacada uma perna após a outra rapidamente e se pendurou e depois soltou- se; que na sequência ela se jogou;” […].

Declaração de Manvailer, que é réu no processo, aponta que Tatiane teria se jogado da sacada (Imagem: Divulgação)

No mesmo documento, os peritos responsáveis pelo laudo destacam que a resposta entre as duas possibilidades pode ser encontrada com o resultado laudo de necropsia, “caso subsistam elementos médico-legais para atestar, com o devido rigor técnico-científico, o estado ou condição da vítima antes da queda”.

Segundo os advogados da defesa de Manvailer, Adriano Bretas, Caio Fortes de Matheus e Cláudio Dalledone Júnior, e, também, o advogado auxiliar de acusação da família de Tatiane Spitzner, Gustavo Britta Scandelari, ainda não há previsão para divulgação dos laudos faltantes.

Cristina Esteche

Jornalista

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