22/08/2023




Brasil

E agora?

Passados nove meses do impeachment da ex-presidente Dilma, o país assiste agora a derrocada de um governo considerado ilegítimo, que feriu e estilhaçou a democracia.  É como se o peixe estivesse morrendo, literalmente, pela própria boca, enquanto a sua base segue dispersa, desarvorada. Até o meio da tarde de hoje (18), PSB, PPS e o próprio PSDB já falavam em deixar o governo.  A imprensa já anunciava a quase certa renúncia . Mas Temer  não jogou a toalha. Tacitamente,  bradou:  “eu não vou renunciar” e diz que o seu compromisso é com o Brasil.

E agora? Como fica a base governista? Qual será a reação do povo brasileiro? Nas ruas, desde a noite de ontem, quarta (17), o Dia D contra Temer,  muitos pediam “Diretas Já”. Na Avenida Paulista, em São Paulo, cerca de mil manifestantes se reuniram quase que imediatamente após a notícia que saiu engasgada no Jornal Nacional: Temer foi pego com as mãos na botija e leva junto Aécio Neves e outros. Ou será que não?

O que será do país depois de tudo isso? Essa é a grande incógnita. Vivemos nesta quinta feira, um dia com cenário nada alentador: as bolsas despencaram; partidos aliados ameaçavam abandonar o navio em naufrágio; movimentos convocam panelaços; pedidos de impeachment estão sendo protocolados.

Enquanto isso, nas redes sociais, os comentários de internautas nos dão um retrato falado do  humor do brasileiro. A criatividade jorra, transborda e tudo e todos são motivos para piadas. Enquanto o país é afundado em suas próprias mazelas, o brasileiro é o único povo que ri da própria desgraça, como  disse certa vez  o saudoso Chico Anysio.

Mas uma coisa é certa. Nesse mar de lama onde mentiras, golpes, roubalheira, piadas e tantas outras coisas deslizam, somente as eleições diretas, legítimas, poderão juntar os caquinhos da democracia brasileira. O que os homens do poder precisam saber é que o Brasil de hoje é diferente daquele de 1964. Esse Brasil, nunca mais!

 

Cristina Esteche

Jornalista

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