22/08/2023


Brasil Geral

‘Ainda tem gente que acha que time é tudo igual’

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Por Amauri Terto, do HuffPost Brasil

Diretora do Instituto Federal da Bahia, em Santo Antônio de Jesus, Edna Matos, de 53 anos, é mais uma vítima do racismo no Brasil. Dessa vez, via redes sociais.

Não apenas ela, mas também sua filha, Dandara Matos, de 27 anos, que cursa mestrado em estudos africanos no Instituto Universitário de Lisboa, em Portugal.

Torcedoras negras do Bahia, mãe e filha tiveram uma foto inserida numa montagem compartilhada em grupos de WhatsApp. Abaixo da dupla, aparece uma foto de cinco torcedoras brancas do Grêmio.

Na legenda, a seguinte frase: "Ainda tem gente que acha que time é tudo igual".

Em entrevista ao site da revista Veja, Edna contou que ficou sabendo da montagem por meio de uma denúncia da prefeitura de Salvador.

Após entender o significado da mensagem, ela se sentiu com raiva e frustrada. "Não foi a primeira vez, mas é sempre como se fosse, dói igual. Ainda mais porque minha filha também foi vítima", disse.

No último domingo (27), Edna fez um desabafo em seu perfil no Facebook.

"Sim, realmente, os times e suas torcidas não são iguais. Têm umas que se notabilizam pelas frequentes atitudes racistas, violentas e babacas de alguns dos seus membros e outras que se destacam pelo amor, pela paixão, pelo respeito que sentem por seus clubes e pelas pessoas. É de uma dessas que temos orgulho de fazer parte, pois ela carrega consigo a beleza das cores tanto do seu manto quanto da pele de seus torcedores", escreveu.

Veja o o post na íntegra:

Profissional da edução e ativista da causa negra, Edna rechaçou a ideia de que a montagem fazia referência apenas a questões estéticas. Segundo ela, ocorreu na verdade a manifestação de racismo, preconceito regional e machismo.

"Não tem essa questão de beleza, quem acha isso não está enxergando ou não quer enxergar. Ali está embutida a ideia de que uma raça é mais bonita que a outra, que o nordestino é feio, pobre, inferior e preto, em sua grande maioria… e também o machismo, como se a mulher servisse só para enfeitar a torcida e não para torcer por um time", disse ao site.

Edna contou também que repercussão de seu desabafo na rede social tem sido positiva. Ela tem recebido solidariedade de pessoas de todo o País, incuindo gremistas.

"Muita gente me agradeceu por não ter ficado calada. Eu sou militante, tenho responsabilidade com meus alunos e jamais ficaria calada", afirmou.

Cristina Esteche

Jornalista

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