22/08/2023
Cotidiano

Personagem anônimo de a “Paixão de Cristo”

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Guarapuava – Dona Nilda é uma peça fundamental para a peça teatral “Paixão de Cristo”, que acontece todos os anos em Guarapuava e é considerada hoje uma das maiores do Estado no gênero. Mas ao contrário do que possa parecer, Dona Nilda não é atriz e nem uma das diretoras da peça. Ela, por sinal, há muito tempo não vai a Praça da Fé para assistir a encenação, cada vez maior e mais produzida.
Nilda Paula Oliveira, 70 anos, é um dos personagens anônimos da “Paixão de Cristo”, peça que não aconteceria sem esse tipo de trabalho, silencioso, mas essencial para que a realização da encenação. “Tivemos muito trabalho nas duas semanas que antecederam a peça. Trabalhei o dia todo, não fiz mais nada”, afirma ela, responsável pela costura do vestuário utilizado pelos membros da Paróquia Divino Espírito Santo, localizada na Vila Bela, um das sete que participam da encenação.
No total, Nilda costurou cerca de 300 peças de roupa das 140 pessoas da paróquia que participam da “Paixão de Cristo”, igreja com maior número de participantes, contando ainda com a ajuda de mais duas pessoas, tudo de maneira voluntária. “Uma parte do material usado é trazida pelos participantes da peça, outra é doada. Mesmo fazendo o trabalhar sem cobrar nadam, temos que ficar ‘apertando’ o pessoal, já que muitos deles atrasam para entregar os tecidos, complicando nosso trabalho”, comenta.
Ela realiza este trabalho desde 1999, quando a paróquia começou a realizar a peça – inicialmente a encenação acontecia dentro das próprias paróquias, sendo posteriormente unificada e realizada na Praça da Fé. Nilda também chegou a realizar o trabalho para outra paróquia, a Santa Terezinha.
Nilda costura para outros eventos e ocasiões da paróquia, como teatros, batismos, missas, a via sacra infantil (realizada no último domingo), além da Festa do Divino, evento tradicional da Vila Bela – ano de passado o número de peças costuradas para a festa foi de 500. No total já são 30 anos realizando esse tipo de serviço – ela trabalha durante o ano como costureira, sobrevivendo da profissão. Apesar de todo o esforço, Nilda diz não ter do que reclamar.
“Adoro costurar. Quando faço esse tipo de trabalho esqueço de tudo. Deus me dá saúde e trabalhar para Ele é uma forma de retribuir isso. É um dom que Deus me deu. Costuro com 70 anos e quero fazer isso até os 100 anos”, encerra com bom humor.

Cristina Esteche

Jornalista

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