22/08/2023


Segurança

Familiares de Avilmar pedem justiça em ato público

Vídeos mostram a demanda por um pedaço de terra até o momento do crime

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Avilmar e Giselle (Foto cedida pela família)

Uma caminhada no Centro de Guarapuava vai pedir que a justiça seja feita. O ato público está sendo organizado por familiares de Avilmar Cordeiro, 62 anos, morto durante discussão no dia 08 de fevereiro, envolvendo, além da vítima, o empresário Antonio de Lima Filho, seu filho Antonio de Lima Neto e um enteado (Rogério) de Avilmar. O tiro fatal foi disparado por Antonio Filho durante uma discussão por causa de uma faixa de terra na Vila Carli. A caminhada acontecerá às 14 horas, com saída da Praça 9 de Dezembro. Também foi criado um grupo no WattsApp para mobilizar adeptos para a caminhada.

De acordo com a filha de Avilmar, Giselle Cordeiro, ele era uma pessoa doente que lutava para ficar vivo.  “Meu pai era um coitado que lutava contra uma cirrose, uma pancreatite e um tumor no estômago e morreu por causa de uma demanda que não era dele. Só queremos esclarecer que o nosso pai não foi o ruim da história. Nós só queremos justiça, pois meu pai levou quatro tiros, sendo um no pulmão, outro na lateral esquerda e dois pelas costas”.

De acordo com Giselle, o terreno onde o seu pai foi morto pertence a uma terceira pessoa, um argentino chamado Horax. “Meu pai e o enteado, Rogério, cuidavam desse terreno. Tem até uma plantação de feijão”. Segundo a filha de Avilmar,  há  uma demanda judicial entre o Toninho [Antonio Filho] e o Horax”.

De acordo com as informações repassadas durante a entrevista à RSN, o dono do imóvel cedeu como servidão, sete metros no meio do terreno para dar acesso aos veículos de Toninho até a BR 277. Porém, o empresário, há tempos, vinha tentando alargar esse espaço para que os carros pudessem cortar trajeto saindo direto na rodovia. Um croqui determina a faixa da servidão. “Há uma briga judicial e vários boletins de ocorrências registrados pelo argentino contra o Toninho”.

Croqui mostrando a servidão de sete metros (Foto cedida pela família a Avilmar)

Giselle disse que no dia em que seu pai morreu, ele estava fazendo uma cerca para delimitar o terreno e colocando pedras nos intervalos entre os palanques. Um vídeo filmado pelas câmeras existentes em containers nas proximidades da área mostra quando o empresário chega numa retroescavadeira e tenta derrubar a cerca, dando início à discussão.

As imagens mostram Rogério com um facão na cintura; Toninho indo pegar um facão no maquinário e em seguida ouvem-se disparos. Outra imagem mostra Toninho e Rogério numa briga de facões, cujos golpes atingem o empresário em várias partes do corpo, de acordo com o advogado de Toninho, Marinaldo José Rattes. Segundo Giselle, nesse momento o seu pai já está morto. Marinaldo diz que em seguida o filho de Toninho sai do escritório e tenta conter Rogério que continua desferindo golpes contra o empresário.

Outros disparos de arma de fogo são efetuados e atingem a perna de outra pessoa que assistia a briga num dos barracões ali existentes. “De onde surgiram esses tiros, sendo que revólver de calibre 38 apreendido no dia do crime tinha cinco balas deflagradas e os projéteis posteriores são de calibre 32”, questiona Giselle. Segundo ela, seu pai e irmão não possuíam arma. “Meu irmão sozinho teve que arrastar meu pai pro carro e sair em busca de socorro. Ninguém fez nada pra ajudar”. O homem foi levado até a Unidade Básica de Saúde (UBS) da Vila Primavera onde morreu antes de dar entrada.

De acordo com a defesa do empresário, este também foi atingido por tiros no abdômen e nas costas, “confirmados pelos médicos”. Essa segunda arma foi encontrada pela polícia somente no dia 14, portanto, seis dias após o crime, dentro de uma privada. “Como esse revólver só foi achado  dias depois se no dia a polícia fez varredura no terreno com cães farejadores e nada foi encontrado”? pergunta Giselle, mais uma vez.

O advogado Marinaldo José Rattes (Foto: RSN)

O inquérito policial está em fase de investigações. Segundo informações do advogado Marinaldo José Rattes, novas imagens colhidas pelas câmeras da empresa de Toninho, e que estão sob sigilo, provocaram uma segunda linha de investigação, já que o empresário também foi atingido por tiros que teriam sido disparados por Avilmar, dando início à briga. Ainda de acordo com Marinaldo, Toninho teve um dos braços amputados e encontra-se em estado grave, correndo risco de morte. Ele foi transferido nessa quinta (15) para hospital em Curitiba.

Nesta semana um vídeo editado começou a circular nas redes sociais com imagens que buscam mostrar uma outra versão para a causa do crime.

Preso em flagrante logo após a morte de Avilmar, o empresário, porém, teve a prisão relaxada pela  3ª Vara Criminal. O Ministério Público pediu a prisão preventiva de Toninho, mas a solicitação não foi acatada, conforme consta nos autos.

  • Todos os vídeos foram cedidos pela família de Avilmar e circulam em redes sociais.

 

 

Cristina Esteche

Jornalista

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