22/08/2023
Segurança

Coordenador de mutirão carcerário recomenda interdição de delegacias no PR

Da redação (com assessoria) – O coordenador do mutirão carcerário  no Paraná pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), juiz Jader Jorge, vai recomendar a interdição de duas delegacias de polí­cia em Curitiba. Após inspeção realizada nesta quarta-feira (19/) no 12o  e no 9o  Distrito de Curitiba, a equipe do mutirão carcerário encontrou condições subumanas nessas delegacias. "Os presos não dormem porque não há espaço dentro das celas. Eles fazem revezamento ou empilhamento humano porque não cabem todos deitados", relata Jorge.
Segundo Jorge, os presos utilizam uma meia de futebol para coar café e tomam banho próximo a uma torneira que fica ao lado de um vaso sanitário. "A situação é chocante e o mau cheiro é muito forte", conta. A inspeção nas delegacias foi acompanhada por um representante da Ordem dos Advogados do Brasil, sessão Paraná, e por dois promotores de Justiça do estado. O juiz está elaborando um relatório sobre todos os problemas encontrados nas inspeções, no qual vai propor a interdição das delegacias e sugerir a transferência dos presos.
De acordo com o magistrado, o 12º Distrito possui capacidade para aproximadamente 20 pessoas e comporta 150 presos. A mesma situação de superlotação foi encontrada no 9º Distrito, onde uma cela com capacidade para seis pessoas abrigava 30. Outra situação considerada absurda pela equipe foi constatada na delegacia de Guaira, que possui capacidade para 58 presos e está com lotação de 260 pessoas. "Vamos recomendar o imediato remanejamento desses presos (para presí­dios), pois as delegacias estão entre três e quatro vezes acima da sua capacidade", explica o coordenador do mutirão.
Desde o início do mutirão carcerário foram realizadas outras inspeções nos presídios da região metropolitana de Curitiba. O magistrado chama a atenção para a situação do Complexo Médico Penal, localizado na região de Quatro Barras, municíio de Pinhais . "Lá tem pessoas com problemas mentais e dependentes químicos (usuários de drogas) todos juntos", disse. Segundo ele, a situaçã acontece porque não  existem clí­nicas especializadas para internação dos cumpridores de medidas com dependência quí­mica. "Uma das internas (dependente quí­mica) implorou para ser retirada do complexo porque aquela situação poderia levá-la à  loucura", conta Jorge.
As inspeções dos estabelecimentos penais do Paraná são realizadas dentro do mutirão carcerário coordenado pelo CNJ, que teve iní­cio no dia 23 de fevereiro. Desde então, jáforam revistos 19.614 processos e concedidos 3.115 benefí­cios aos presos. Do total de benefí­cios, 1.745 receberam alvará de soltura.

 

Cristina Esteche

Jornalista

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