22/08/2023
Cotidiano

Projeto Piracema: há 7 anos tentando combater a exploração sexual infanti

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Pinhão – Olhar de criança. Andar inseguro. Mãos pequenas e ainda gordinhas. Os gestos, a maneira de sorrir e de falar lembram uma pessoa indefesa. À noite ao invés de dormir, muitas delas estão nas esquinas à espera do próximo carro. Do primeiro cliente. Algumas têm a primeira experiência ainda dentro de casa, em forma de abuso. Depois passam a ser exploradas sexualmente ´pelos vizinhos´, pelo ´colega´ ou dono do bar ao lado.
Os locais para a exploração sexual variam, mas alguns deles são bastante conhecidos, como as margens das rodovias. O número de pequenas "mulheres" de saltos altos, micro-saias ou shorts, mini-blusas, maquiagens pesadas e às vezes uma pequena bolsa, é considerável. "A exploração sexual na concepção da palavra, seria a exploração comercial em primeiro lugar, ou por algum outro interesse para se obter vantagem, que não precisa ser necessariamente econômica", lembrou a assistente social Iara Oliveira (foto), ao frisar que a exploração sexual de crianças e adolescentes é crime previsto no artigo 244 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Quem comete o crime está sujeito a pena de 4 a 10 anos de reclusão, além da multa.
Quando são encontradas pelo Conselho Tutelar usando o corpo, ainda em formação, as meninas que costumam cobrar desde um pacote de bolachas até R$ 100 são encaminhadas ao Projeto Piracema (Programa Integrado de Proteção às Meninas em Situação de Risco Pessoal e Social), que tem como função dar orientação e proteção à essas meninas. "No caso de prostituição, verifica as condições da criança ou adolescente e seu núcleo familiar para que se possa organizar um plano de atendimento individual e coletivo com o apoio dos técnicos da Secretaria Municipal de Assistência Social para inserção no Projeto, explicou a coordenadora Iliana Spengler Szumilo.
O Projeto possui espaço próprio localizado no Bairro Mazurechen onde são realizadas atividades, atendimentos e encaminhamentos que propiciam o despertar da autoestima, os direitos e deveres da convivência em família e na sociedade. Além de proporcionar acesso a serviços de assistência social, saúde, educação, justiça e segurança.
Criado há sete anos, o projeto Piracema possui capacidade para 40 meninas, porém, atualmente encontram-se em atendimento 12 adolescentes, em virtude das evasões por diversos motivos tais como: resistência aos atendimentos, falta de apoio de familiares, mudança para outras cidades, entre outras questões, há também outras que aparecem de vez em quando. "As que vieram porque foram encaminhadas pelo Conselho Tutelar ou pela escola, ficam um período pequeno e não aparecem mais. Parece que é uma coisa assim: o Conselho determinou, elas vêm um pouco só para falar que estão vindo, depois abandonam e não vêm mais", afirmou a coordenadora.
Diminuição de danos, orientações sobre gravidez precoce, Doenças Sexualmente Transmissíveis, uso da camisinha, valorização da escola e delas mesmas, como chegaram nesse lugar, qual é a perspectiva de vida e se existem outros caminhos, orientação sócio-familiar são alguns dos temas discutidos nos encontros.
A Assistente Social Iara afirma que apesar dos resultados ocorrerem a médio e longo prazo, cada menina que o projeto consegue resgatar é comemorado como uma grande conquista. “É uma luta constante, combater a exploração sexual infantil é dever de todo cidadão. Portanto, cabe a cada um de nós o engajamento na defesa de nossas crianças e adolescentes, onde as principais ferramentas são a informação e denúncia dos agressores, disse ela.
Fonte:Fatos do Iguaçu Foto: Edinéia Schoemberger/Fatos do Iguaçu

Cristina Esteche

Jornalista

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