22/08/2023


Guarapuava Segurança

Depen remove 120 presos do cadeião de Guarapuava para PIG

Ação envolve outros 20 presos transferidos para PEG-UP. Remoção causou mau estar entre Depen e membros do Sindicato de Policiais Penais

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Porta de entrada do cadeião de Guarapuava (Foto: Portal RSN/Larissa Ortiz)

Teve início na semana passada, a transferência de 120 presos recolhidos na Cadeia Pública de Guarapuava para a Penitenciária Industrial de Guarapuava (PIG). Mas a transferência parece ter causado um mau estar entre o Departamento Penitenciário e integrantes do Sindicato dos Policiais Penais (Sindarspen), que discorda da movimentação.

De acordo com as informações, a transferência de detentos ainda inclui outros 20 presos, que também estavam no cadeião, e já estão na Penitenciária Estadual de Guarapuava (PEG-UP), onde os apenados cumprem pena em regime de progressão. Desse modo, a alegação do Departamento Penitenciário é de que as transferências são necessárias para impedir fugas na Cadeia Pública de Guarapuava, que possui o maior índice de superlotação do Estado.

No entanto, o Sindicato dos Policiais Penais (Sindarspen) emitiu uma nota em que se posiciona contra a ação do Departamento. Em nota, o sindicato afirmou que “a transferência tal qual será feita corre o risco de só aumentar as possibilidades de fugas e rebeliões”. Ainda conforme o texto divulgado pelo sindicato, a PIG e a PEG já operam com excesso de ocupação e não possuem “qualquer estrutura para receber novos detentos”.

Assim, a PIG, tem estrutura para 325 detentos, e já contava com 381 antes das transferências. Um policial penal se manifestou junto ao sindicato afirmando que receber estes presos na penitenciária “vai contra qualquer preceito básico de segurança”.

Galeria antiga do cadeião, sem reforma, sofre com a ação do tempo (Foto: Depen)

FALTA DE ALINHAMENTO

Conforme explicou o representante sindical, Jiefferson Zablocki, o “Sindicato já solicitou que o Departamento reveja essas transferências, para evitar que se coloque em risco a vida dos servidores que trabalham na PIG e PEG-UP. Além de ameaçar a segurança pública com o risco de motins, rebeliões e fugas. A entidade reforça que é preciso se buscar soluções que melhorem a segurança de todos e não que a fragilize”.

No caso da PEG-UP, entretanto, além de provocar uma superlotação, a transferência de presos oriundos da Cadeia Pública ainda ameaça a concepção da unidade, voltada para detentos com bom comportamento e que já estão a menos de cinco anos para o fim das penas. O diretor do Depen da Regional de Guarapuava, Antonio Marcos Camargo de Andrade, afirmou ao Portal RSN que o Departamento trabalha neste momento para ajuste entre as unidades.

Precisamos amenizar a situação prisional e se faz importante adequar. Creio que tanto de estrutura quanto pelo número de servidores poderemos organizar um pouco mais os trabalhos, questões definidas pela direção do Depen. E ainda pela Coordenação de Segurança e Coordenação Regional sendo que todos os presos envolvidos foram, e continuam sendo, avaliados pelos gestores que estarão alojando esses presos em suas unidades.

Penitenciária Industrial de Guarapuava (PIG) (Foto: Arquivo/RSN)

No entanto, para o Sindicato, a tentativa não é efetiva.

Ajuste entre unidades para amenizar a situação de um lado e prejudicar outros, que resolve o problema da 14° SDP por um espaço curto de tempo gerando um problema definitivo para as outras unidades. Acredito que deveriam olhar para a PIG e PEG-UP, como modelos de algo que funciona, e tentar manter.

VERSÃO DA CHEFIA DA CADEIA PÚBLICA

No entanto, apesar da discussão, a chefia do cadeião de Guarapuava considera a decisão positiva para a unidade. “Temos a vantagem da superlotação ser diminuída, o lugar fica mais salubre, os presos estarão sendo encaminhados para um local mais adequado com mais possibilidade de remição de pena. Com a possibilidade de trabalhar, receber um dinheiro que ajude a família”.

Além disso, o gestor da Cadeia Pública de Guarapuava, Wellington Rodrigo de Oliveira, afirmou que considera necessária a remoção dos detentos. “Além de necessária, é imprescindível, porque chega um momento que nem cabe mais colchões. Não cabe! O espaço físico não é mais suficiente para a permanência de tantos presos que estavam na cadeia”.

Por fim, as diretorias da PEG-UP e da PIG também receberam a oportunidade de se pronunciar. A diretoria da PIG não respondeu o contato. Já a da PEG-UP orientou a reportagem a procurar a assessoria de imprensa do Depen-PR.

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Cristina Esteche

Jornalista

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