Pelo menos 461 famílias têm até duas pessoas diagnosticadas com autismo em Guarapuava, segundo a diretoria da Associação Guarapuavana Mundo Azul (Agma). Esse número refere-se às pessoas com cadastro na associação. A Organização Mundial de Saúde (OMS) informou que uma a cada 100 crianças em todo o mundo, tem o Transtorno do Espectro Autista (TEA).
O Dia Mundial de Conscientização sobre o Autismo, nesta terça (2), tem o objetivo de difundir informações sobre essa condição do neurodesenvolvimento humano, e reduzir preconceitos. De acordo com a diretora administrativa da Agma, Losanja Gonzales, a associação existe em Guarapuava desde 2013, e desde então, ano após ano, aumentou muito o número de associados. “Isso não quer dizer que aumentou a quantidade de autistas, né? Mas sim, que aumentou o número de diagnósticos”.
Para a profissional, o diagnóstico adulto tem um desafio maior, pois passar toda a vida tentando se adaptar gera sofrimento. “Às vezes a pessoa recebe críticas de ações e reações que ela tem, e nem sabe o motivo. A maior evolução, em todos os casos, é quando a pessoa se entende”. Conforme a OMS, o TEA tem a característica de dificuldade na comunicação e interação social, e isso desenvolve comportamentos repetitivos e interesses restritos.
Além disso, problemas em lidar com estímulos sensoriais excessivos, como o som alto, cheiro forte e multidão. Ainda há a dificuldade de aprendizagem e adoção de rotinas bem específicas. Para o neuropsicólogo Mayck Hartwig, existem várias manifestações do autismo.
O autismo hoje é compreendido como espectro de manifestação fenotípica bastante heterogênea, ou seja, existem várias manifestações diferentes do autismo. E essas manifestações ocorrem também com sinais mais ou menos evidentes em algumas pessoas.
Dessa forma, o transtorno pode se manifestar em três níveis, dependendo do grau de suporte que cada pessoa necessita. Para Luciana Brites, especialista em Distúrbios do Desenvolvimento, é importante ter um diagnóstico precoce, já que os primeiros sinais de TEA podem aparecer no segundo ano de vida.
NO BRASIL
A luta pela conscientização sobre o autismo é principalmente para gerar políticas públicas de educação e saúde bem sustentadas para conseguir avançar no desenvolvimento dessas pessoas. De acordo com a Agência Brasil, no país existe uma Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista.
A Lei Berenice Piana, criada em 2012, garante aos autistas o diagnóstico precoce, tratamento, terapias e medicamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Além do acesso à educação, proteção social e trabalho. Em 2020, a Lei Romeo Mion criou a Carteira de Identificação da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (Ciptea), que pode ser emitida gratuitamente por estados e municípios.
Pessoas com TEA têm direito a receber um salário mínimo (R$ 1.412) por mês, por meio do Benefício de Prestação Continuada (BPC), se for incapaz de se manter sozinha, e a renda per capita da família for inferior a um quarto do salário mínimo, ou seja, R$ 353.
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