22/08/2023
Segurança

Após 20 anos, acusado pelas mortes de Sandro e Henry vai à júri popular

Por Cristina Esteche

Após 20  anos do crime que envolveu os jovens Sandro Esteche e Henry Franciosi, executados a tiros, o acusado Fabio M. Rocha vai à júri popular. De acordo com a 1ª Vara Criminal de Guarapuava, o julgamento será no dia 25 de setembro de 2014, às 9h00, no Tribunal do Júri em Guarapuava.

Sandro e Henry foram executados na noite de 20 de março de 1995, nos fundos do extinto Mercado São Vicente, na Avenida Cascavel. De acordo com as mais de 200 páginas que formam o processo judicial, o denunciado pelo crime Fábio Menarim Rocha, amigo de Sandro e Henry, no dia do crime, passou horas junto com Sandro no mercado. No final da tarde Henry chegou. Tão logo o mercado foi fechado e o pai de Sandro, João Quilhano Esteche foi para casa, os dois foram assassinados. Um casal que morava em frente ao mercado o disparo de “quatro ou cinco tiros”, dos quais um, minutos após os demais. Edevaldo Augusto Pereira disse que foi até a frente do mercado enquanto os tiros estavam sendo disparados. Terezinha Parezino Moss, outra testemunha, assistia televisão quando ouviu os disparos. Foi até a janela e retornou à tevê ouvindo um último tiro. Ela também disse que só viu Fabio saindo do local, indo até a casa da testemunha para pedir socorro.

A versão de Fabio é de que uma terceira pessoa chegou com Henry no mercado e começou a atirar  tendo, inclusive, atirado contra ele (Fabio), mas o tiro pegou na barriga, de raspão. Em seguida o suposto assassino teria saído pela frente do mercado.

Os depoimentos das testemunhas, porém, contradizem a versão de Fabio. Nenhum das pessoas envolvidas viu uma terceira pessoa saindo do local, a não ser Fabio.

Tanto a reconstituição do crime quanto laudos periciais, de acordo com o processo, mostram que o tiro contra Fabio foi à queima roupa, já que o local atingido apresentou resquícios de pólvora. O mesmo nãoa conheceu com as duas vítimas. A suspeita da polícia  é de que Fabio atirou contra si mesmo. O policial José Ademir de Paulo, na época,  estranhou o fato de somente Fabio apresentar pólvora no corpo e os outros não. O advogado de defesa Elcio Melhem afirma no processo que a cicatriz no corpo do seu cliente, que também é seu afilhado, não apresenta características de "tiro encostado".

O pivô das duas execuções seria uma dívida de R$ 5,1 mil contraída por Fábio. O acusado deu um cheque a Sandro como garantia. O cheque nunca foi encontrado e nem descontado no banco.

No dia do crime, o cofre da Família Esteche estava aberto e havia papéis picados pelo chão. Num trecho do processo há a afirmação de que o denunciado teria dito: "esses dois já estão feitos. Agora só falta o cabeludo", num referência ao irmão de Sandro, João Quiliano Junior, que não se encontrava no local no dia do crime.

Outro fato que chama a atenção no processo é o depoimento de um cunhado de Fabio. Ele disse que estranhou o fato deste não ter reagido contra a terceira pessoa já que costumava andar sempre armado.

Fabio chegou a ser preso, mas foi liberado por Habeas Corpus. Em depoimento que consta no processo acusa policiais de tê-lo torturado na prisão.

Em 2012 os corpos de Sandro e Henry foram exumados. O Perito do Instituto de Criminalística de Guarapuava encontrou um projétil de arma de fogo no crânio durante a exumação dos restos mortais de Sandro Esteche. Na ossada de Henry Franciosi, nada foi encontrado. De acordo com o ex  delegado-adjunto da 14a Subdivisão Policial, Alisson Henrique de Souza, o fato do corpo ter sido transferido de túmulo, do Cemitério Municipal para o Parque dos Eucaliptos, pode ser que algum projétil tenha se perdido.

A retomada do processo após duas décadas do crime atende a Meta Prioritária 2 do CNJ (Conselho Nacional da Justiça) que tem por objetivo julgar todos os processos de conhecimento distribuídos em 1º grau, 2º grau e tribunais superiores até 31 de dezembro de 2006.

Cristina Esteche

Jornalista

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