22/08/2023
Cotidiano

Meteorologista critica notícias alarmistas sobre o aquecimento global

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Em palestra apresentada ontem (21/10) no WinterShow 2009, o meteorologista Luiz Renato Lazinski, do Instituto Nacional de Meteorologia e do Ministério da Agricultura, ao abordar o aquecimento global, criticou notícias “alarmistas” sobre o assunto. O especialista iniciou lembrando que hoje o Intergovernamental Panel on Climate Change (IPCC) concentra o que há de mais moderno no estudo do clima, mas observou que o próprio fórum, que divulga projeções de aquecimento até o ano de 2.100, admite que os modelos que servem de base para as estimativas assim como o conhecimento científico reunido pelos especialistas da atualidade ainda são insuficientes para se entender com total certeza a evolução do clima.
“O IPCC também faz várias ressalvas sobre estes resultados. O grande problema é que as pessoas pegam estes resultados e aceitam isso como uma verdade incondicional e, a partir daí, começam a fazer pesquisa em cima de uma base que tem de ser questionada”, declarou.
Lazinski disse que “as projeções do IPCC de 2000 até 2009 não estão coincidindo com os dados reais. “Estamos olhando para o virtual e esquecendo de olhar o real”, criticou, se referindo à diferença entre o cenário apontado pelas projeções dos modelos e os números do clima já registrados no período. Ele questionou ainda as previsões de catástrofes como derretimento das calotas polares, elevação significativa do nível dos mares e desaparecimento de ilhas. Recordando dados do IPCC baseados em modelos, ele disse que, considerando-se a hipótese de que a temperatura da Terra aumentasse entre 2ºC e 5,4ºC nos próximos 100 anos, as estimativas mais otimistas apontariam uma elevação do nível do oceano em torno de 30 centímetros, enquanto na perspectiva mais pessimista o número chegaria a 50 centímetros. Caso o fenômeno se confirmasse, Lazinski concorda que haveria, conforme previsto, mudança na rota das tempestades e, na agricultura, modificação na distribuição geográfica de pragas e doenças além de alteração da localização das áreas agrícolas e redução da produtividade de algumas culturas, em especial a soja.
Mas o meteorologista argumentou que no debate sobre o assunto se confunde aquecimento com poluição. O efeito estufa – defendeu – é um fenômeno natural, que sempre existiu e que, se não ocorresse, a temperatura média do planeta seria, em média, 33ºC mais baixa, girando em torno dos 18ºC negativos em média. A causa, segundo sublinhou, é o vapor d´água – naturalmente emitido oceanos, florestas e solos, somando uma quantidade de 200 bilhões de toneladas por ano, ou 97%, enquanto as atividades humanas responderiam por 3%. Ele rebateu também a vinculação entre aumento de dióxido de carbono na atmosfera e aquecimento global mencionando que, no gráfico de temperatura nos últimos 140 anos, se verifica “uma leve queda” entre 1940 e 1970 – momento em que a concentração de dióxido de carbono aumentou 18 partes por milhão. Só haveria coincidência entre aumento de CO2 e aquecimento de 1980 até agora. “Mas para você comprovar uma teoria, ela tem de funcionar aqui e tem de funcionar para trás”, disse.
Para o meteorologista, existe uma ligação forte entre as variações da temperatura global e as oscilações de temperatura do Pacífico. Conforme relatou, ocorrem, na região das ilhas Aleutas, períodos de aquecimento e arrefecimento de temperatura do mar a cada ciclo de aproximadamente 30 anos. Lazinski assinalou que a temperatura média da Terra vem acompanhando estas oscilações nos perídos de 1920 a 1950 (aquecimento), de 1950 a 1980 (esfriamento) e de 1980 a 2000 (nova elevação).
O especialista também criticou o IPCC por desconsiderar, na análise do aquecimento global, o chamado efeito de urbanização: ao longo dos anos, a construção de prédios nas proximidades de estações meteorólogicas aumentou a temperatura naqueles lugares e levou os equipamentos a registrar temperaturas mais elevadas, criando a impressão de que o fenômeno refletiria um aquecimento de nível global.
Lazinski concluiu afirmando que os números mostram que a temperatura, nos últimos sete ou oito anos, tem se mantido estável e até apresenta uma leve tendência de queda, mas sublinhou que o fato não deve ser visto como aval para que os países continuem poluindo o planeta.

Fonte: agraria.com.br

Cristina Esteche

Jornalista

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