Um dos mais tradicionais clubes de futebol amador do Paraná, o Grêmio Esportivo Recreativo Madeirit, vive hoje a partida mais difícil. Fundado em março de 1955, no bairro Boqueirão, em Guarapuava, o clube não luta por troféus, e sim por sobrevivência. O campo Mário Paluski , conforme a diretoria, conta com mais de 19 mil metros quadrados. E continua o risco de ser desativado e vendido, após a área onde está localizado ter sido arrematada em leilão judicial por um empresário. O motivo: a falência das Indústrias Madeirit, antiga dona do imóvel, decretada em 2009. O estádio encontra-se vinculado à massa falida da indústria madeireira, alvo de leilão já consolidado.
Diante do impasse, uma das alternativas ventiladas pelo presidente do Grêmio Esportivo Madeirit, Pedro Aurélio Gonçalves seria uma ação direta da administração municipal. Ou seja: a comunidade pede que o prefeito Denilson Baitala considere a possibilidade de permutar a área com o proprietário ou, em última instância, desapropriá-la por interesse público e fazer a doação ao Grêmio Madeirit. A medida, conforme os moradores, garantiria a permanência do campo como espaço comunitário e esportivo.
Não se trata apenas de um campo de futebol. Este é um patrimônio afetivo e social de Guarapuava.
Em contato com a Prefeitura, o Portal RSN teve a informação de que na próxima semana esse assunto vai estar na pauta.
Precisamos detalhar e entender esse assunto, para ver se há viabilidade e interesse social nesse projeto.
A história do Madeirit, conforme a diretoria, vai muito além das quatro linhas. Campeão da tradicional Taça Paraná, feito inédito para um time amador guarapuavano, o clube é símbolo de resistência, memória e identidade local. A sede, construída por operários da extinta empresa, tornou-se um ponto de encontro da comunidade por décadas. Crianças crescem no entorno do campo. Famílias se reúnem em mutirões. Voluntários oferecem escolinhas gratuitas de futebol. Ali, o esporte se mistura com a solidariedade.
O Campo Mário Paluski forma crianças, acolhe famílias, fortalece o esporte e mantém viva a união entre os moradores do Boqueirão e de toda a cidade.
BRIGA JUDICIAL
Mas desde 2020, essa história entrou em campo com a Justiça. A Associação Madeirit ingressou com um pedido de usucapião do terreno, sob a alegação de uso contínuo, pacífico e socialmente relevante. Mesmo com documentação robusta e atividades ininterruptas no local há décadas, o pedido foi negado em primeira e, agora, também em segunda instância.
O empresário que arrematou a área alega ter planos financeiros. O local é ideal para a construção de um condomínio residencial. A área já se encontra dentro do perímetro urbano e desperta interesse do setor imobiliário. Mas a comunidade insiste:
O desenvolvimento urbano não pode passar por cima da história viva da cidade.
Em 2025, ano em que o clube completa 70 anos de fundação, a Associação Madeirit inicia uma nova fase: aumentar a mobilização. Está sendo feita uma campanha de conscientização para envolver moradores, lideranças e autoridades municipais. Outdoors espalhados por pontos centrais da cidade pedem que não se “deixe o Madeirit morrer”. De acordo com Pedro, a meta é encontrar uma solução que preserve o espaço como patrimônio de uso coletivo.
O apelo está lançado. A torcida agora é para que, desta vez, a vitória venha da união da comunidade com o poder público. Porque há partidas que valem mais que qualquer título. E salvar o Madeirit é uma delas.
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