22/08/2023
Guarapuava Segurança

Homicídios têm queda de 57% no quadrimestre em Guarapuava

Levantamento da PM revela aumento de 16% nas apreensões de armas de fogo em relação a 2018

homicído revolver

Um levantamento feito pelo 16º Batalhão da Polícia Militar em Guarapuava com exclusividade ao Portal RSN, revelou que de janeiro a abril de 2019, o número de homicídios com arma de fogo em Guarapuava diminui 57,14% em relação ao mesmo período de 2018. Segundo o levantamento, foram sete homicídios com arma de fogo contra três este ano.

(Foto: Divulgação)

Os homicídios por outros meios como agressão física, asfixia, apedrejamento ou utilização de objetos contundentes, por exemplo, a redução também foi expressiva. Entre janeiro e abril de 2018 fora registrados 14 homicídios desse tipo, contra nove este ano. Uma redução de 35,71%.

Os homicídios com arma branca registraram aumento, de um caso em 2018 para dois em 2019. No total, entre janeiro e abril de 2018, a Polícia Militar registrou 22 ocorrências de homicídios em Guarapuava. No mesmo período de 2019 foram 14, ou seja, uma queda de 36,36%.

(Foto: Arquivo/Ascom/Polícia Militar)

APREENSÕES DE ARMAS DE FOGO

Em contrapartida, a apreensão de armas de fogo aumentou em 16,66% na cidade. Enquanto no quadrimestre de 2018 foram 54, este ano a PM apreendeu 63 armas. De acordo com o Subcomandante do 16º BPM, Major Cristiano Cubas, esse aumento nas apreensões reflete uma nova postura da polícia militar, que passou a dar mais ênfase para as operações militares de abordagens de pessoas.

Não existe uma meta, mas existem as operações pré-determinadas, fazendo com que o policial militar elabore no seu planejamento de serviço, um planejamento estratégico de abordagem. Cumprindo com essas operações, acaba cumprindo com as metas, que apesar de não serem determinadas, são as metas de abordar mais pessoas possíveis.

Subcomandante do 16º BPM, Major Cubas (Foto: Gilson Boschiero/RSN)

O intuito maior segundo o subcomandante é localizar armas, drogas, pessoas com mandado de prisão. O aumento das abordagens fez aumentar o número de apreensões, principalmente de armas de fogo e também prisões. De acordo com o subcomandante do 16º BPM, o decreto do presidente Bolsonaro, que flexibiliza o comércio e a posse de arma, não foi sentido nas ruas.

A maioria das pessoas que tem as armas de fogo apreendidas está no cometimento de ilícitos ou ligadas ao crime. Para a Polícia Militar, a nova legislação sobre a flexibilização de armas de fogo, não fez aumentar o fluxo de armas nas ruas, porque quem nos estamos enfatizando nas abordagens são pessoas ligadas a crimes.

(Foto: Divulgação)

PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO

Durante a entrevista ao Portal RSN, Major Cubas disse que esse é um trabalho que vem sendo feito no 16º BPM, seguindo as diretrizes do Comando Geral da PM, que também estabelece que haja um aumento nas abordagens, respeitando as peculiaridades de cada unidade.

Para obter maior êxito nas operações, a PM utiliza um planejamento estratégico a partir dos dados coletados em Guarapuava. A partir dessas informações, a cidade é dividida em subáreas, coincidindo com aquelas com maior e menor índice de ocorrências. A polícia sabe onde ocorrem mais crimes, mais ocorrências de tráfico de drogas.

16º BPM (Foto: Gilson Boschiero/RSN)

A partir desses dados enfatizamos as operações arrastão. O arrastão quando é feito em determinado local, significa que aquela localidade de Guarapuava registrou aumento de algum tipo de crime: de furto, de roubo, de homicídio ou de porte de arma. Trabalhamos muito em cima de dados estatísticos hoje.

DESAFIOS

Um dos desafios da Polícia Militar hoje é a diminuição de crimes a pessoas, que são os furtos e roubos, além de prisão e apreensão relacionadas ao crime de tráfico de drogas. De acordo com o Subcomandante Major Cubas, o fato de Guarapuava estar às margens da BR-277, facilita a entrada de entorpecentes no município.

“O tráfico pela BR-277 vindo do Paraguai facilita muito, porque a nossa cidade é ribeirinha à rodovia, e por onde passa tudo. A facilidade está na localização.”

O desenvolvimento das cidades, traz com ele um elemento indesejado: a violência. Isso é um fato inquestionável, afirmou o Major Cubas. Hoje o 16º BPM possui um efetivo de 456 policiais militares, sendo 375 disponíveis (em reais condições de trabalho), já que existem policiais de atestado médico, e de férias, por exemplo.

Subcomandante do 16º BPM, Major Cubas (Foto: Gilson Boschiero/RSN)

EFETIVO

O batalhão foi criado com um quadro para abrigar 758 policiais, levando-se em consideração o crescimento populacional e das demandas. “A defasagem chega a 49% em relação ao previsto”, afirma o subcomandante. Outro fenômeno que tem causado a diminuição do efetivo está relacionado a possibilidade da reforma da previdência.

“Muitos policiais que já têm o direito adquirido, estão entrando com pedido de aposentadoria, que no nosso caso é a reserva. Entre dois e três policiais estão pedindo a aposentadoria por semana, e isso só vai diminuindo ainda mais o efetivo. É uma realidade dentro da Polícia Militar do Paraná, não é um problema exclusivo de Guarapuava”, afirmou o Major Cubas.

(Foto: Arquivo/RSN)

Por isso, foi feito um planejamento estratégico e um pedido já foi protocolado, para contratação de mais policiais militares para o batalhão, o que aguarda aprovação do Governo do Estado.

Isso significa que nós estamos trabalhando em cima do crescimento populacional, um crescimento das demandas relacionadas a crimes, e por isso estamos pleiteando uma escola de policiais militares exclusiva para Guarapuava, para formação de novos policiais militares para a cidade. A ostensividade faz com que exista a sensação de maior segurança. A PM mais presente nas ruas inibe o cometimento de crimes, e aumenta a prevenção, diminuindo os índices de criminalidade.

16º BPM (Foto: Gilson Boschiero/RSN)

DÉFICIT DE 150 POLICIAIS

De acordo com o Subcomandante, Guarapuava precisa de cerca de 15o novos policiais militares. A escola de preparação já existe, e seria promovida pelo próprio 16º BPM.

“Tendo esse aval positivo do Governo do Estado, a Polícia Militar faz com que aconteça isso, porque estamos chegando num momento em que isso cada vez mais se torna necessário”.

As aulas na escola preparatória duram cerca de um ano. Existe a fase de sala de aula, que é técnica e dura seis meses, que é quando os futuros policiais militares recebem instruções sobre direito, polícia comunitária, de defesa pessoal, técnicas de tiro, além de conhecimentos de legislação.

(Foto: Arquivo/RSN)

Após essa fase, os alunos passam para o estágio operacional, que também faz parte do período de formação.

“Os policiais militares já colocados em algumas funções nas ruas são avaliados pela coordenação da escola e após isso, estando aptos, é feita a formatura e eles estão 100% em condições de realizar qualquer trabalho operacional no batalhão”.

O enfoque é com a formação para a polícia comunitária, que é o real atendimento à população, já que a área de cobertura do 16º BPM abrange 24 municípios da Região. “A 1ª Cia responde por Guarapuava, a 2ª Cia com sede em Laranjeiras do Sul, a 3ª Cia com sede em Pitanga e a 4ª Cia com sede em Prudentópolis”.

 

Gilson Boschiero

Jornalista

Possui graduação em Jornalismo, pela Universidade Metodista de Piracicaba (1996). Mestre em Geografia pela Unicentro/PR. Tem experiência de 28 anos na área de Comunicação, com ênfase em telejornalismo e edição. Foi repórter, editor e apresentador de telejornais da TV Cultura, CNT, TV Gazeta/SP, SBT/SP, BandNews, Rede Amazônica, TV Diário, TV Vanguarda e RPC. De 2015 a 2018 foi professor colaborador do Departamento de Comunicação Social da Unicentro - Universidade do Centro-Oeste do Paraná. Em fevereiro de 2019, passou a ser o editor chefe do Portal RSN.

Relacionadas

A missão da RSN é produzir informações e análises jornalísticas com credibilidade, transparência, qualidade e rapidez, seguindo princípios editoriais de independência, senso crítico, pluralismo e apartidarismo. Além disso, busca contribuir para fortalecer a democracia e conscientizar a cidadania.