22/08/2023
Guarapuava Segurança

Nesta segunda (22) completa um ano da morte de Tatiane Spitzner

A morte da advogada ganhou repercussão internacional. O acusado deve ir à júri popular em Guarapuava

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Os laudos da necrópsia constataram morte por asfixia (Foto: Arquivo/Reprodução)

Um ano após o feminicídio de Tatiane Spitzner o acusado, Luis Felipe Manvailer, segue preso em Guarapuava. Na última semana o atual cenário jurídico do crime contou com certa movimentação.

Tatiane, segundo laudos da necrópsia, foi morta por asfixia pelo então marido, o professor Luis Felipe Manvailer. Depois disso, ele teria lançado o corpo da mulher pela sacada do apartamento onde viviam. Além disso, o acusado desceu até a calçada, recolheu o corpo, novamente ao apartamento, e fugiu. Ele foi preso horas depois.

Luis Felipe nunca assumiu o crime. Ele e os advogados que o defendem das acusações insistem na tese de suicídio. Tatiane foi brutalmente agredida e morta. O caso teve repercussão internacional e Luis Felipe Manvailer deve ir à júri popular.

Nesta semana os advogados que defendem Manvailer cogitaram a hipótese de exumação do corpo. A defesa da família Spitzner considerou a atitude inútil para o andamento do processo.

Manvailer será julgado pelos crimes de homicídio qualificado e fraude processual. A acusação de cárcere privado não foi acatada pela juíza do caso.

FEMINICÍDIO

Os dados atualizados dos crimes de feminicídio no Brasil assustam. De acordo com o Atlas da Violência de 2018, o país caminha para liderar o ranking desse tipo de crime. Além disso, o estudo afirma que o estado em que mais mulheres são assassinadas é Roraima.

Em janeiro, a organização internacional Human Rights Watch divulgou relatório apontando que o Brasil enfrenta uma epidemia de violência doméstica. Em 2017, das 4.539 mulheres assassinadas pelo menos 1.133 foram vítimas de feminicídios. Os números podem ser ainda maiores ao considerar que muitos casos não são enquadrados corretamente como violência de gênero.

DIA D

Recentemente a deputada estadual Cristina Silvestri aprovou um projeto na Assembleia Legislativo do Paraná que propõe que o 22 de julho será o Dia Estadual de Combate ao feminicídio no Paraná.

O projeto que institui a data no Calendário Oficial de Eventos foi aprovado em segunda discussão na sessão plenária. O que motivou a parlamentar a apresentar o projeto foi o crescimento desse tipo de crime no Paraná e no Brasil.

Dados do Monitor da Violência, em parceria com o Núcleo de Estudos da Violência da USP e com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, mostram que ano passado, foram 1.173 casos de mulheres mortas em crimes de ódio motivados pela condição de gênero.

Em 2017, esse número foi de 1.047 casos. A pesquisa foi feita com base nos dados oficiais dos 26 estados e do Distrito Federal. No Paraná, os números demonstram alta. Em 2018, foram 61 casos contra 41 em 2017, segundo levantamento da Secretaria de Estado da Segurança Pública e Administração Penitenciária (SESP/PR).

Cruzes colocadas no calçadão da XV de novembro, lembram das vítimas (Foto: Reprodução/Facebook)

Neste dia D de combate ao feminicídio, as ações começaram às 9h no calçadão da XV de novembro, no Centro de Guarapuava. 82 cruzes e peças femininas simbolizam as mortes de mulheres no Paraná, entre maio de 2018 e maio de 2019. Estão previstas panfletagem e divulgação dos serviços de atendimento às mulheres em situação de violência até às 12h.

Cristina Esteche

Jornalista

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