No Dia dos Povos Indígenas, Ádana é exemplo ao cursar Medicina

O Dia dos Povos Indígenas é celebrado hoje (19), e, traz à tona histórias como a de Ádana Garigsãnh Bernardo, uma jovem indígena Kaingang de 21 anos, que tirou os sonhos do papel e cursa Medicina. Nascida na Terra Indígena Rio das Cobras, em Nova Laranjeiras, ela é uma das muitas vozes emergentes que buscam não apenas alcançar desejos pessoais, mas também trazer mudanças significativas para a comunidade.

Para a universitária do segundo ano de Medicina da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), tudo começou com a aprovação no Vestibular dos Povos Indígenas. Essa é uma iniciativa do Governo do Estado do Paraná que busca promover o acesso à educação superior para os povos originários.

Para Ádana, estudar e ser aprovada representou mais do que uma conquista pessoal. “Quando vi meu nome na lista de aprovados, explodi de felicidade. Agora vou me dedicar para conseguir terminar o curso e atuar dentro da minha aldeia, atendendo minha gente, meu povo. Então, quero ser médica para cuidar das suas dificuldades”.

Conforme a jovem, ela almeja viajar e colaborar com outras comunidades indígenas, promovendo políticas de saúde e bem-estar. A inspiração para essa missão se alimentou pela participação na I Semana dos Povos Indígenas da Unioeste. Ela teve a oportunidade de compartilhar ideias e experiências.

Ainda sofremos preconceito, mas, ao mesmo tempo, vejo um olhar acolhedor e de carinho. Mudar isso é uma meta de vida. Acredito que isso é uma missão.

A mãe, Doracilda Korigesânh, também é uma fonte de inspiração para Ádana. Vendedora de artesanato na aldeia, Doracilda estudou Pedagogia e acredita que a própria jornada educacional influenciou a decisão da filha. “Não sei nem como comemorar”.

DADOS

Atualmente, a Unioeste tem 35 alunos indígenas matriculados em diversos campi, demonstrando um crescente interesse e engajamento das comunidades indígenas na busca por educação superior. Além disso, a iniciativa do Vestibular dos Povos Indígenas, em vigor desde 2001, tem sido fundamental para abrir portas e criar oportunidades para os povos originários.

No âmbito estadual, o Paraná tem 30.460 indígenas autodeclarados, representando 0,27% da população total do estado. Por fim, esse número, segundo o Censo de 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), reflete um aumento de 14% em relação aos dados de 2010.

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