22/08/2023
Guarapuava Política Região Saúde

“Queremos investir no Santa Tereza com a segurança de uma boa gestão”, diz Cesar Silvestri

Em entrevista exclusiva ao Portal RSN, prefeito falou sobre o quadro atual do hospital, possibilidades e união de esforços para que a instituição não feche

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A crise financeira do Hospital Santa Tereza, que se potencializou em abril deste ano, provocou a reação de diversas entidades e lideranças políticas de Guarapuava, entre elas, o prefeito Cesar Silvestri Filho. Desde que um possível fechamento do hospital veio à tona, no início desta semana, Cesar participa de articulações para que a instituição consiga manter seus atendimentos não só para o município, mas para toda a região. O prefeito falou sobre o tema publicamente, pela primeira vez, em entrevista exclusiva ao Portal RSN, transmitida ao vivo pelo Facebook.

De acordo com Cesar, apesar de investimentos no hospital não serem obrigação da administração municipal, há uma pré-disposição da prefeitura em investir na instituição. De acordo com o prefeito, este investimento pode chegar, inclusive, a R$ 1 milhão. Entretanto, para que isso ocorra, existem diversos fatores legais envolvidos, e, também, pontos relacionados a atual gestão do hospital.

“O Hospital Santa Tereza ele tem um problema de gestão histórico. Ele está nessa situação de fecha e não fecha há muito tempo. Vale lembrar: ele é um hospital particular, de gestão privada […] nós estimamos até que seria possível um investimento de até R$ 1 milhão, mas o que não dá é a gente fazer um investimento hoje e daqui quatro, cinco meses, precisarmos colocar mais R$ 1 milhão”.

Durante a entrevista, o prefeito fez menção ao fato do HST ainda estar passando por um “processo de evolução”, desde que ganhou o título de filantrópico, em 2015, quando vivia, também, uma crise econômica grave.

“Diferente do São Vicente, que é um hospital filantrópico de fato e de direito, que tem uma provedoria formada por pessoas da sociedade, com absoluta transparência na gestão, o Santa Tereza ainda está vivendo uma fase de transição. De uma estrutura que era privada, particular, onde não se tinha obrigação de prestar contas da gestão, para uma estrutura filantrópica. Ele não está totalmente adaptado a esta realidade. Isto significa dizer que ainda não se tem clareza de como é feita a gestão do hospital”.

Justamente pelo fato de ser uma instituição “parte-privada”, o prefeito de Guarapuava diz que é importante que não se criar a ideia de que o poder público sempre tenha que suprir as demandas de recursos do hospital.

“É evidente que nós reconhecemos a importância do hospital. Ninguém aqui é irresponsável de deixar o hospital a mercê, imaginar que ele vai ficar sem apoio. Ele vai ter todo o apoio. Mas o hospital precisa, também, se abrir a essa necessidade de melhorar sua gestão”.

Frente à declaração recente feita pelo administrador do Hospital Santa Tereza, Newton Elias Gonçalves, durante pronunciamento na Câmara de Vereadores, de que a instituição “não tem condições de continuar” caso não receba mais auxílio, Cesar rebate.

Se o gestor falou que da forma que está não tem como continuar, eu é que afirmo: da forma que está não tem como continuar […] A sociedade guarapuavana precisa compreender isso de forma geral. Eu tenho certeza que ninguém vai se furtar em ajudar, mas querem fazer com segurança, com legalidade, e na certeza de que vai se resolver o problema.

Ainda durante a entrevista, Cesar ressalvou a união de esforços para que o hospital continue funcionando, visto que, um eventual fechamento impactaria em um caos na saúde para um universo de quase 500 mil pessoas na região central do Estado.

“Não há nada que seja mais urgente e mais prioritário que isso. A questão é: primeiro, legalidade. O SUS é um sistema complexo, então você não pode ficar pagando duas, três vezes, pelo mesmo serviço”.

PRIMEIRO PASSO

Para tentar solucionar, mais uma vez, a crise dentro da instituição, foi formado um grupo nessa sexta feira (8), uma espécie de conselho, que analisará os problemas de afetam o hospital atualmente. Este grupo é formado por representantes políticos, membros da Sociedade Civil Organizada e 12 entidades guarapuavanas.

“Tem muita gente boa da sociedade que está disposta a contribuir com a gestão do hospital, inclusive pessoas que viabilizaram o resgate do São Vicente quando ele enfrentou uma crise há alguns anos”, pontua Cesar.

Ainda na sexta (8), a governadora do Paraná, Cida Borghetti (PP), cumpriu pauta em Guarapuava, onde, entre outros assuntos, discutiu extraoficialmente a situação do HST. Para esta semana, uma reunião deve ser marcada entre representantes do novo conselho, governo municipal e diretoria do Instituto Virmond, junto ao Governo do Estado, através do Secretário de Saúde, Antônio Carlos F. Nardi.

Cristina Esteche

Jornalista

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